Por Egidio Dórea, coordenador da USP Aberta à Terceira Idade
Em 1969, o geriatra e gerontólogo norte-americano Robert Butler, em meio à polêmica construção de um residencial para idosos nos Estados Unidos, na qual os vizinhos se opuseram à iniciativa, identificou na atitude sinais não somente de racismo, mas também de preconceito pelo idoso. E à semelhança de "racism" e "sexism", cunhou o termo que se tornaria mundialmente conhecido para essa prática milenar "ageism". A partir de então, o conceito foi expandido e surgiram: ageísmo implícito, atitudes discriminatórias inconscientes; ageísmo positivo ou condescendente, atitudes paternalistas que limitam a independência e autonomia do idoso e o ageísmo internalizado, o auto-preconceito.
O ageísmo é considerado o mais disseminado dos preconceitos, porque afetará a todos que envelhecem. Pesquisa realizada nos Estados Unidos e Canadá mostrou que 86% dos idosos foram vítimas do preconceito. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 60% de 80 mil idosos disseram ter sido afetados. E, no Brasil, levantamento do Datafolha mostrou que 9 de cada 10 entrevistados acreditaram existir esse preconceito. Ele está presente tanto a nível pessoal como institucional, inclusive nas instituições de saúde.
Além de ser amplamente difundido, o ageísmo tem sérias consequências: aumento do risco de doenças crônicas (cardiovasculares e respiratórias); aumento do risco de depressão, isolamento e demência, maiores taxas de incapacidade e redução da expectativa de vida em cerca de 7,5 anos.
Duas medidas têm se mostrado efetivas no seu combate e prevenção: campanhas educativas e ações intergeracionais, onde a educação e o convívio evitam que construamos estereótipos negativos dos idosos e consigamos reconhecer a singularidade de cada envelhecer. O envelhecimento deve ser encarado com um processo natural. E o idoso não somente como alguém depositário de lembranças de um passado importante, mas como um indivíduo com papel ativo no presente e de grandes possibilidades para o futuro.
A série Ideias para o Futuro 60+ tem apoio de Unimed Federação/RS