O desempenho favorável registrado no ano passado pelas 15 companhias de capital aberto do Estado com maior faturamento é um fato promissor, e poderia servir de inspiração para o setor público. O papel do Estado não é atrapalhar, mas sim contribuir para que o setor privado possa aproveitar todo o potencial em diferentes áreas de atuação, buscando sempre o máximo em eficiência. Foi justamente essa disposição que contribuiu para levar as maiores empresas de capital aberto a registrarem no Estado um resultado positivo 92% superior no acumulado do ano passado, em relação ao anterior. É o melhor desempenho desde 2014, conforme reportagem publicada ontem em Zero Hora.
Falta ainda o setor público fazer a sua parte, que é debelar a crise fiscal e retomar sua capacidade de investimento
Num cenário ainda de incertezas, com previsão de continuidade em 2019, os números favoráveis só se mostraram possíveis porque, ao contrário do que costuma ocorrer no setor público, a iniciativa privada conseguiu reagir no momento certo às adversidades. Entre outras providências emergenciais, grandes empresas, de maneira geral, partiram para a racionalização de unidades, concentração de atividades afins e cortes de gastos desnecessários. Apostaram também em tecnologias para reduzir custos, o que contribuiu para praticamente duplicarem o lucro num ano já difícil como foi o de 2018.
O resultado concreto é que o Rio Grande do Sul colhe agora os bons resultados de atividades tradicionais, como a indústria metalmecânica, além de serviços, às quais precisam se somar novas vocações. Falta ainda o setor público fazer a sua parte, que é debelar a crise fiscal e retomar sua capacidade de investimento. A questão é particularmente relevante em áreas que estão na base da economia gaúcha, como é o caso do agronegócio e da indústria de transformação, que dependem tanto de confiança por parte dos investidores quanto de linhas de crédito em volumes adequados e no prazo certo.
A continuidade dos resultados favoráveis nos balanços das grandes corporações gaúchas depende, antes de mais nada, da capacidade de o governo federal afastar a ameaça de crise fiscal, com a aprovação da reforma da Previdência hoje em análise pela Câmara. Simultaneamente, é preciso que, em âmbito federal e estadual, o poder público deixe de atrapalhar a iniciativa privada. E, ao mesmo tempo, que possa retomar a sua capacidade de fomentar o crescimento. Os ganhos registrados no ano passado demonstram que as empresas de maior porte estão prontas para dar respostas a esse desafio.