Faltou mais do que orientação de comunicação ao presidente Jair Bolsonaro no caso da postagem, em rede social, de vídeo com atos obscenos associados ao Carnaval de rua: faltaram-lhe também senso crítico e compromisso com a liturgia do cargo que ocupa. Como chefe de Estado de um país às voltas com uma grave crise do setor público, o presidente da República teria outras prioridades com as quais se preocupar.
Um grupo mais fanatizado de apoiadores, que aplaude as posturas extremadas do presidente da República, ajuda a isolar ainda mais o chefe da nação. Esse tipo de comportamento, até admissível numa campanha eleitoral, não faz qualquer sentido depois da posse, pois a autoridade máxima do país precisa se preocupar com o decoro e com a liturgia do cargo. O presidente deveria estar preocupado agora é em ampliar seu arco de apoio para aprovar no Congresso reformas que se constituem de fato em questões relevantes para o país, como a da Previdência.
Espera-se que o episódio sirva pelo menos para uma reflexão e uma correção de rumos. É preciso evitar que o presidente do Brasil se transforme em motivo de perplexidade ou deboche aos olhos do mundo e das pessoas sensatas que o cercam.