Estava de férias com a minha família no litoral catarinense e testemunhei, desde a minha cadeira de praia, a beleza e a feiura do ser humano. Não estou falando de corpos sarados ou não, estou me referindo à beleza e à feiura da natureza humana. Vi cenas lindas, comoventes e inspiradoras. Mas também registrei toda a sorte de situações no mínimo tristes. Por um lado, vi bebês sentindo o mar, talvez pela primeira vez, dando gritinhos entusiasmados diante de uma plateia de familiares com seus celulares, fotografando freneticamente o momento. Pais jogando bola com os seus filhos. Casais se beijando. Crianças fazendo castelos de areia. Surfistas para lá e para cá. Pessoas lendo ao som do mar. Famílias inteiras carregando toda a parafernália para passar um dia juntos à beira mar. Os nossos hermanos argentinos, que vieram em bando e até o final do dia estavam lá com seu grupo, jogando, tomando mate, fazendo algazarra e lambuzando-se daquilo que temos a oferecer: as nossas praias. Sem falar, é claro, do espetáculo da natureza, o pôr do sol conferindo um ar prateado ao mar e a montanha verde ao fundo, formando um conjunto que me deu a sensação de que a vida é sublime. Cabe a nós saber aprecia-la e usufrui-la.
Artigo
Ellen Bornholdt Epifanio: O fim das férias e a reflexão sobre a vida na praia
Para a psicanalista aspirante (SPPA) e doutora em Psicologia (UFRGS), a união da feiura e da beleza fazem parte do comportamento do ser humano