A cada virada do ano, os gestos se repetem em festiva celebração, numa magia de cores, tons e luzes diversas. Sem um brilho novo, tudo ficará igual como era antes, agora e por todos os séculos. Sem luz, o novo se torna um velho ritual de sempre. Beiramos cair num vazio nostálgico de avaliar, na retrospectiva, o que não fizemos; projetar, na perspectiva, o que não faremos. Almejamos alcançar o inatingível ou queremos inovar, com mente criativa, o que já é sacramentado e imutável. Sem sentido novo, a ceia da virada será somente um alimento preparado com esmero e consumido num piscar de segundos. Queimaremos, em minutos cronometrados, os fogos ao vento, explodindo em show pirotécnico, entre sorrisos, uma dinheirama gorda. Saudaremos os familiares como num dever recíproco formal e presencial e, na contramão, enviaremos mensagens lindas a mil amigos virtuais desconhecidos. Faremos mil propósitos de mudança, no ano vindouro, que ficarão engavetados e esquecidos, já no segundo dia... Sem esperança, sem um tom de renovação e real mudança, tudo não passará de uma monotonia. O homem é um ser mimético e procura sedimentar muitas tradições e costumes, caindo no perigo da robótica ou do piloto automático.
NOVO ANO
A verdadeira arte é viver cada momento como único, diz religioso
2018 será composto de 365 dias, cada qual com valor ímpar de eternidade, diz padre e jornalista Gerson Schmidt