Na quinta-feira, David Coimbra escreveu um texto falando do time do Grêmio. Argumentava que o time está jogando muito bem, como jogava o Internacional dos anos 1970, que é considerado o maior time gaúcho até então. Em reportagem de ZH, repercutindo aquele texto, alguns comentaristas compararam Falcão com Arthur, Manga com Marcelo Grohe e Figueroa com Geromel, por exemplo. Na minha opinião, algo completamente descabido. É óbvio que aquele Internacional era muito melhor do que o Grêmio de hoje!
Eu nasci nos anos 1980. Portanto, não vi esse time do Internacional jogar. Mas, cresci ouvindo meu pai, ilustre colorado missioneiro, falando de Falcão, Figueroa, Carpegiani, Valdomiro, entre outros. É impossível que o Grêmio de hoje seja melhor! E sabe por que eu afirmo isso com tranquilidade? Porque é futebol. É paixão e diversão. E, justamente por causa disso, é subjetivo. Futebol é negócio sério, que movimenta milhões, sim. Mas, só é assim para que eu, torcedor, possa me dar ao luxo de fazer a análise subjetiva que me agrade, sem compromisso. Eu sou torcedor, não analista.
Só que esta coluna não é sobre futebol, mas sobre economia. E esse preâmbulo todo foi para falar sobre outra polêmica da semana: a revisão das gratuidades das passagens na Capital. Ao contrário do futebol, não há espaço para paixão e subjetividade neste tema. Depois de enviar um pacote de medidas para a Câmara de Vereadores, no qual sugere revisão de gratuidades no transporte público, o governo municipal eliminou, por decreto, a gratuidade da segunda passagem, atingindo um conjunto grande de pessoas que contam com isso.
Acontece que esse decreto não veio acompanhado de explicações amplamente divulgadas para a população. Eu posso, sim, falar que Falcão é muito melhor que Arthur (que eu sequer conheço!). Já a prefeitura não pode apenas dizer que o corte na gratuidade é para ajustar as contas. Não basta dizer que representa R$ 0,51 na tarifa. Assim como houve extrema transparência na apresentação das deficitárias contas públicas da prefeitura no início do mandato, também é preciso radical transparência neste caso.
As pessoas precisam entender, no detalhe, o que está acontecendo. Os usuários de transporte público necessitam dos números apresentados de forma didática, seja para reclamar ou para apoiar. Sem isso, vira torcida. E cidadania não tem a ver com torcida, mas com informação plena.