O fechamento da unidade básica de atendimento da Vila dos Sargentos, em Porto Alegre, é um atestado deplorável da rendição ao tráfico com o qual nem a sociedade, nem quem a representa deveria se conformar facilmente. Quando integrantes de facções criminosas passam a ditar as regras, deixando mais de 5 mil moradores sem atendimento médico de um momento para outro, é porque o poder público se ausentou demais, ignorando atribuições básicas. É preciso reverter esse quadro, enquanto é tempo.
Chama a atenção, no caso, o conformismo com que esse tipo de situação é aceito. Com a suspensão das consultas médicas, testes rápidos e outros procedimentos, moradores da comunidade precisarão se deslocar até seis quilômetros em busca de outros postos. Tudo isso porque os funcionários não tinham mais condições de transitar pelo local, entre acessos vigiados por criminosos armados. Chegaram ao ponto de terem que ser escoltados depois de um tiroteio.
Outras unidades de saúde enfrentam situação semelhante, além de funcionarem em ruas sem condições mínimas de trafegabilidade e pouco ou nada iluminadas. O risco é de que, mais adiante, acabem também tendo suas atividades suspensas pela imposição de integrantes do crime organizado, que determinam até mesmo quem pode ou não circular por áreas sob seu domínio.
É urgente que autoridades municipais e estaduais, em sintonia com líderes das comunidades mais vulneráveis, unam esforços para evitar que essa tendência continue. É preciso evitar a ampliação do narcotráfico para outras áreas que deveriam estar merecendo atenção do poder público, mas não estão.