Até meados de maio, 2017 parecia estar se encaminhando para ficar marcado como o ano da virada da economia brasileira e da aprovação das reformas que o país tanto precisa para melhorar a competitividade e ter regras mais adequadas ao momento que o mundo vive.
O vazamento da delação do empresário Joesley Batista, do grupo JBS, em 17 de maio, à noite, voltou a engrossar os noticiários com mais denúncias de corrupção envolvendo diretamente o presidente Temer. Depois da Odebrecht, a delação de Joesley só veio a confirmar a relação promíscua entre o setor público e o privado que impera no país.
No dia 17 de maio, o Ibovespa estava em 67.540 pontos e o dólar, cotado a R$ 3,13. Passados quase um mês da revelação do caso, o Ibovespa encerrou na sexta-feira cotado a 62.210 pontos, uma queda de 7,9%. Já o dólar teve alta de 5,1%, para R$ 3,29. O desastre só não foi maior porque o país atualmente conta com reservas de US$ 378 bilhões e uma área econômica bem alinhada com o seu mandato de colocar a inflação no centro da meta e reduzir a taxa de juros para que o país retorne ao crescimento.
Até o final deste mandato, não faltarão notícias que possam abalar o cargo do presidente. Após o julgamento da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o governo continuará refém de novas delações e ações da Procuradoria-Geral da República (PGR). Apesar disso, o Brasil já começou uma recuperação cíclica que deverá continuar mesmo com todos os entraves políticos que teremos de atravessar. No entanto, essa recuperação pode ser fragilizada em função da menor força política do governo que estiver no poder.
As empresas, nos últimos anos, fizeram reestruturações com corte de custos e redução do endividamento, o que deverá gerar resultados melhores nos próximos trimestres. A inflação acumulada em 12 meses está em 3,6% em maio pelo IPCA. A pesquisa Focus do Banco Central projeta uma taxa Selic de 8,5% para o fim do ano. O Caged mostrou geração líquida de 60 mil vagas de emprego em abril e a taxa de desemprego da PNAD apresentou leve recuo em abril, para 13,6% ante 13,7% de março.
Não fosse pelo imbróglio político que o país vive, a economia já estaria reagindo mais intensamente. Entretanto, a recuperação deverá continuar apesar de todos os entraves, com ou sem mudança de governo, desde que não seja alterada substancialmente a atual política econômica.