Encerrada a divulgação dos balanços das empresas referente ao ano de 2016, podemos verificar que a recessão segue impactando o desempenho das companhias. As empresas continuam com muita dificuldade em apresentar crescimento de receita. Em função desse cenário, o foco está na gestão de custos e despesas com o objetivo de elevar a eficiência do negócio. Consolidamos os resultados de 367 empresas listadas em bolsa para ter uma visão global do resultado das empresas de capital aberto. A amostra exclui Petrobras, Vale e Eletrobras, para evitar distorções nos dados.
A receita líquida dessa amostra de empresas recuou 9,3% em 2016, na comparação com o ano anterior, atingindo R$ 1,3 trilhão. Essa forte retração da receita mostra a dificuldade que as companhias estão enfrentando para crescer e até mesmo repassar a inflação, visto que o IPCA encerrou 2016 com alta de 6,3%. Já o lucro bruto caiu em um ritmo menor, registrando queda de 5,7%, e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 1,3%. Esses dados reforçam o trabalho que as empresas têm feito na gestão de custos e despesas, de forma a amenizar o impacto da forte queda de receita.
O início do ciclo de queda dos juros já teve um impacto positivo na despesa financeira das companhias. A desvalorização do dólar frente ao real também teve papel relevante nessa linha nas empresas com dívidas em dólar. Essas variáveis ainda ajudaram a reduzir a dívida líquida em 19%. Dessa forma, a despesa financeira líquida recuou 42%, dando grande contribuição para uma expansão de 13% no lucro líquido consolidado da amostra.
Os resultados continuam pressionados pelo ambiente econômico recessivo, mas as empresas já mostram algum sinal de alívio com a queda dos juros e a inflação controlada. Muitas companhias passaram por grandes reestruturações operacionais nos últimos anos, adequando-se ao novo cenário de crise. Assim, existe um espaço para ganhos de margens quando a economia voltar a crescer. No entanto, dentro da nossa amostra, cerca de 40% das empresas ainda apresentaram prejuízo no ano. Por isso, a urgência na necessidade de aprovação das reformas econômicas que estão em discussão no Congresso para que a economia possa retomar o crescimento. Na segunda quinzena de abril começam a sair os resultados do primeiro trimestre de 2017. A sinalização é de que os números ainda sejam fracos e uma recuperação mais consistente seja observada somente no segundo semestre, caso as reformas sejam aprovadas.