As empresas de capital aberto começaram a divulgar os balanços do quarto trimestre de 2016. Como ocorreu ao longo de todo o ano passado, os resultados apresentados até o momento foram fracos, refletindo o cenário econômico adverso.
O setor financeiro é o único até o momento em que as principais empresas já divulgaram os seus balanços. A soma do lucro líquido ajustado dos principais bancos do país (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander) totalizou R$ 53,8 bilhões em 2016, um recuo de 10% na comparação com o ano anterior. Esse desempenho foi influenciado pelo aumento da inadimplência e pela forte alta nas despesas com provisões para devedores duvidosos. Além disso, o ambiente econômico desfavorável reduziu o apetite por crédito e aumentou o rigor dos bancos na concessão. Dessa forma, a carteira de crédito somada dessas instituições caiu 7,4% no ano passado.
Ainda assim, os bancos estão conseguindo atravessar relativamente bem a crise e as ações do setor são destaques de alta no Ibovespa neste início de ano. Os movimentos de consolidação no segmento continuaram em 2016. Após a compra do HSBC pelo Bradesco em 2015, o Itaú fechou a aquisição da área de varejo do Citi no ano passado.
Outro movimento de consolidação que pode ocorrer é a privatização do Banrisul. Recentemente, o ministro da fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que uma eventual privatização do Banrisul poderia entrar na negociação de ajuda do governo federal ao Estado do Rio Grande do Sul. Os grandes bancos já manifestaram interesse na operação, caso ela ocorra. O Banrisul encerrou 2016 com uma queda de 14% no lucro líquido ajustado, impactado pelas mesmas variáveis que afetaram os demais bancos. A carteira de crédito da instituição recuou 5,2%, enquanto a despesa com provisão teve alta de 7,5%.
Apesar dos balanços que foram divulgados ainda mostrarem resultados decepcionantes, a percepção com as reformas que estão sendo implementadas é de que a economia deve apresentar uma retomada mais consistente no segundo semestre. A queda da cotação do dólar para o patamar de R$ 3,10, a queda da inflação para o centro da meta de 4,5% e o início do corte nas taxas de juros, que projetam uma Selic abaixo de 10% para o final do ano, são indicadores de que o PIB voltará a crescer. A bolsa já começa a antecipar essa melhora no cenário e registra alta de 4,8% em fevereiro, acumulando ganho de 12,5% em 2017.