Não importa o que disseram na campanha, o que prometeram nos palanques ou o tamanho da herança maldita. É interessante observar como os novos prefeitos, independentemente da região ou partido, têm em comum o mesmo discurso: a necessidade de um profundo ajuste fiscal. Quer dizer, acabou a gastança. Em Porto Alegre, Nelson Marchezan (PSDB) alerta para o risco de atrasar salários, no Rio, Marcelo Crivella (PRB) avisa que é proibido gastar, na rica São Paulo, João Doria (PSDB) lista prioridades, e até o prefeito de Araraquara (SP), o petista Edinho Silva – ex-ministro no governo Dilma –, assume com o plano de promover cortes de secretarias e cargos. Eles sabem que não terão ajuda do governo federal para investimentos e que a arrecadação continuará a patinar. Embora seja uma tentadora opção, elevar impostos é uma injustiça com o contribuinte, que já vem pagando a conta sem ter serviços de qualidade. Nos últimos anos, em grande parte dos casos, a máquina pública cresceu, mas o atendimento à população não melhorou. O desafio desses prefeitos é desmanchar feudos políticos, interromper fluxos de corrupção, enfrentar corporações e entregar ao cidadão uma cidade que funcione. Não é pouca coisa, ainda mais diante de um eleitor que já perdeu a paciência.
CULPA DA SELIC
Ministros da área política estão convencidos de que é preciso uma significativa queda nas taxas de juros para que os investimentos retornem ao país e para que a economia volte a andar. A redução na taxa Selic é considerada tímida. Janeiro será época de pressão sobre o Banco Central.
CURSINHOS
Assim que voltarem do recesso, deputados serão convidados a participar de workshops sobre reforma da Previdência. Os cursos estão sendo organizados, assim como uma central de informações sobre as medidas apresentadas pelo governo. O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) está no comando da operação.
CAUTELA
Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Inocêncio de Oliveira (PMDB-CE) são considerados favoritos para as eleições da Câmara e do Senado. Mas nem a equipe do presidente Michel Temer coloca a mão no fogo pelas candidaturas. No Planalto, a ordem é aguardar pelas novidades das delações da Odebrecht.