Por que umas nações se desenvolvem e outras não? Ultimamente, a resposta mais em voga entre economistas é que depende das instituições capazes de construir em sua história: Estado de Direito, estabilidade política e jurídica, previsibilidade institucional e investimentos em educação são as mais lembradas. Se a teoria estiver certa, estamos ferrados: em 2016, o Brasil fez tudo ao contrário.
Para começar, com o impeachment, medida traumática que o sistema político foi incapaz de evitar. E sem configurar claramente crime de responsabilidade, a ponto de inovar e não suspender os direitos políticos da julgada. No referido ato, a Câmara mostrou sua cara dando um espetáculo deprimente à nação, cujo principal líder está preso por crime mais grave do que se propunha condenar. Já o novo presidente escolheu um ministério cujos membros, e ele próprio, são denunciados também por corrupção – justamente o que mobilizara as ruas e motivara sua ascensão.
Na sequência, o Judiciário assumiu protagonismo nunca visto nas questões legislativas e na mídia, quando a discrição deveria preponderar para quem tem a responsabilidade de julgar e ser guardião da lei. Fatos como expor telefonemas pessoais de autoridades não julgadas, substituir o presidente do Senado da República por simples liminar e, na sequência, o presidente da Casa não cumprir a ordem judicial e ainda ironizar dela – vamos combinar, é demais para um ano só.
Na educação, pesquisas mostram piora nos indicadores. Enquanto isso, retira-se da Constituição o mínimo orçamentário da área: quem duvida do prejuízo é só esperar e conferir. Para coroar, uma apressada reforma do Ensino Médio que, embora necessária, acirrou ainda mais a radicalização.
Quem melhor resumiu tudo isso foi o velho e sábio FHC, ao denominar tal política de pinguela. Dizem que se prepara para ser o próximo presidente. Não duvidemos: o atual diz que vai "aproveitar a impopularidade" para aprovar mais medidas, as que são corretas e o povo ignorante não consegue entender. A maré é boa, pois já conseguiu incluir na Constituição uma regra de orçamento por duas décadas, quando há dúvidas de que completará dois anos no cargo. Já informou que usará todos os recursos para não sair dele.
Resta-nos esperar que a teoria esteja errada.