Por Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação
No começo do mês, recebi a oportunidade de me juntar ao Conselho do Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, vinculado ao governo federal. Será uma contribuição absolutamente voluntária, técnica e suprapartidária, junto a um grupo diverso, para criar e aperfeiçoar políticas públicas em diversas áreas no país. Minha defesa no órgão? A educação, claro.
Se colocarmos a Educação no centro das nossas vidas, tiraremos as pessoas da pobreza e prepararemos o Brasil para o futuro
Afinal, não tem como pensar no desenvolvimento do Brasil (economia, meio ambiente, segurança e saúde), sem antes pensar na educação. Uma pesquisa Ipec recente, encomendada pelo Todos Pela Educação, mostra que a grande maioria (96%) dos brasileiros concorda que melhorar a educação pública é muito importante para resolver problemas como a violência, a pobreza e a desigualdade. E eles estão certos.
Um estudo do Instituto Natura, do ano passado, aponta que o aumento em indicadores educacionais da Educação Básica nos municípios do país está associado com queda da taxa de homicídios, aumento da empregabilidade e maior acesso ao Ensino Superior. O mesmo instituto também concluiu, com apoio de pesquisadores da USP e do Insper, que investir em educação integral pode reduzir a taxa de homicídios em até 50%.
É por isso que precisamos nos mobilizar mais e ter a educação como prioridade. Entendo que cada um tem uma causa, uma luta. Mas meu chamado é para que a educação seja, no mínimo, sua segunda grande causa.
O jornalismo tem sido um aliado muito importante nessa luta. Mas é preciso mais – e com o apoio das redações. E aqui deixo uma humilde provocação: que tal perguntar mais sobre educação para os entrevistados em diferentes pautas? Pode ser um dos caminhos para qualificar o debate.
No encontro anual Educação Já, promovido pelo Todos Pela Educação, em abril, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso sugeriu que o país tenha uma grande notícia sobre educação por semana. Em coro com o ministro, dobrei a aposta: e se tivéssemos ao menos uma notícia por dia? Isso, claro, passa pelo jornalismo forte e independente.
Se, pelos próximos 10 anos, colocarmos a educação no centro das nossas vidas, tiraremos as pessoas da pobreza e prepararemos o Brasil para o futuro. Consecutivamente, teremos chances de mudar as manchetes do nosso noticiário. Para melhor.