Por Marta Gleich, diretora de Jornalismo e Esporte e membro do Conselho Editorial da RBS
Desde o final do primeiro turno das eleições, parte do público tem perguntado por que seguimos divulgando pesquisas. Os descompassos entre os números dos últimos levantamentos pré-eleições e o resultado das urnas, inclusive no Rio Grande do Sul, geraram críticas e questionamentos sobre metodologias e utilidade das pesquisas. Debatemos sobre o assunto, inclusive no Conselho Editorial, e divido aqui com os leitores nossas reflexões.
Os veículos de comunicação que as contratam não têm o direito de, em tendo essa informação, omiti-la.
As pesquisas vão continuar existindo. O público tem interesse nesse conteúdo. Os veículos de comunicação que as contratam não têm o direito de, em tendo essa informação, omiti-la. Essas empresas de comunicação, como a RBS, esperam que os institutos apontem as tendências de voto com correção, dentro do intervalo de confiança e da margem de erro. Não foi isso que ocorreu no primeiro turno, mas espera-se que os institutos revejam seus métodos.
No primeiro turno, a RBS deu ampla visibilidade ao público, com transparência, às suas regras para divulgação de pesquisas. Relembro aqui algumas delas:
- Damos visibilidade secundária às pesquisas. Esses levantamentos nunca são o título principal da capa de um jornal ou site, nem a chamada principal num telejornal ou boletim de rádio.
- Entendemos que pesquisas são um elemento no processo eleitoral, e sempre um retrato do momento, não são definidoras da eleição. Movimentos nas últimas horas antes do voto podem alterar esse quadro, por isso pesquisas devem ser vistas com parcimônia.
- Só veiculamos pesquisas de institutos com experiência, como Ipec (ex-Ibope) e Datafolha, e pagas por meios de comunicação e entidades e empresas reconhecidas. Não divulgamos pesquisas pagas por candidatos ou partidos políticos, ou quando não ficar explícito quem é o contratante.
- Em nossas reportagens, não fazemos análises ou interpretações de números, apresentamos somente os resultados do levantamento. Opiniões ficam restritas a colunistas e comentaristas de política.
Entendemos, neste segundo turno, que devemos seguir publicando pesquisas – a primeira para o governo do Estado divulgada ontem no RBS Notícias, em GZH e na Gaúcha, e hoje nesta edição. Haverá mais duas pesquisas para o Piratini, nos dias 21 e 28. Vamos, também, divulgar pesquisas para presidente, do Ipec e Datafolha, sempre cobrando dos institutos que façam um bom trabalho e ajustem suas metodologias. No entanto, estamos reduzindo ainda mais seu destaque nos conteúdos. Pesquisa é pesquisa, e deve ser vista como tal. Um retrato do momento, não o resultado das urnas. E defendemos o direito de você, eleitor, ter acesso a essa informação.