A empresária Juçara Petry, dona de uma confecção em Três Passos, disse em depoimento nesta segunda-feira (8) que Bernardo Boldrini, morto em abril deste ano, acreditava que ao denunciar os problemas de relacionamento com o pai e a madrasta sua vida iria melhorar. "Ele disse que a promotora ia mudar a vida dele", afirmou.
Segundo Juçara, o garoto não contou o teor da conversa com o juiz e com o Ministério Público, mas acreditava que o pai passaria a tratá-lo de forma melhor. "Ele me perguntou como fazia para falar com o juiz. Mas não disse o motivo".
Muito abalada, ela disse que Bernardo não era agressivo, mas sim um menino carinhoso e carente. Juçara também disse que por diversas vezes comprou roupas para o garoto porque ele não tinha o que vestir.
"Ele amava o pai incondicionalmente, mas destratava a madrastra", afirmou, ao confirmar a relação difícil com Graciele Ugolini.
Uma mala de roupas do menino chegou a ser disposta na sala da audiência pela acusação, e a empresária apontou diversas roupas que deu ao menino.
Caso Bernardo
Bernando Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado morto no dia 14 de abril, após dez dias desaparecido. O corpo do jovem estava em um matagal, enterrado dentro de um saco, na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. O menino morava com o pai, o médico-cirurgião Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e uma meia-irmã, de 1 ano, no município de Três Passos.
O pai, a madrasta e uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, respondem na Justiça por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O irmão de Edelvânia, Evandro, também responde por ocultação de cadáver. O pai de Bernardo ainda é acusado por falsidade ideológica.