A bolsa de Nova York terminou com fortes quedas nesta quinta-feira (10), pressionada pelo temor de uma escalada na guerra comercial entre Pequim e Washington e pela incerteza após a decisão do presidente Donald Trump de pausar algumas tarifas.
O índice Dow Jones perdeu 2,50%, o tecnológico Nasdaq caiu 4,31% e o ampliado S&P 500 recuou 3,46%.
"Ontem foi um dia bastante extraordinário e, com esse tipo de movimento, não é realmente surpreendente que o mercado devolva parte dos ganhos", disse à AFP Tom Cahill, analista da Ventura Wealth Management.
Na quarta-feira, a bolsa americana disparou depois que o presidente dos EUA anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas aplicadas a dezenas de países - exceto a China.
Mas nesta quinta-feira, Wall Street voltou a virar depois que a Casa Branca esclareceu os encargos, especialmente para os produtos chineses, que somam um total de 145%.
Às tarifas iniciais de 125% sobre produtos "made in China", os EUA adicionaram mais 20% no contexto da luta contra o tráfico de fentanil, um opioide sintético que causa estragos nos Estados Unidos.
Após esses anúncios, o índice Nasdaq chegou a cair mais de 7% e o S&P 500 recuou 6%, antes de atenuar um pouco as perdas.
Os investidores continuam especialmente nervosos com os desdobramentos da guerra comercial iniciada pelo presidente americano.
De fato, o índice de volatilidade VIX, apelidado de "índice do medo", disparou mais de 50% durante a sessão, antes de recuperar o fôlego.
"O fato de que tudo pode mudar num instante com algo tão simples quanto um tuíte ou um anúncio do governo... foi totalmente inesperado", disse Cahill.
Quanto aos indicadores, "a boa notícia do dia é que a inflação foi menor do que o esperado", destacou o analista.
Segundo o índice de preços ao consumidor (CPI), publicado antes da abertura de Wall Street, os preços caíram ligeiramente em março nos Estados Unidos, devido em particular à forte queda no preço do petróleo.
No mercado de renda fixa, o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA a dez anos subiu para 4,41%, frente aos 4,33% do fechamento da véspera. Na noite de terça-feira, havia atingido 4,51%.
Trump admitiu na quarta-feira que estava acompanhando de perto a queda no mercado de títulos do governo antes de decidir pausar as tarifas.
No restante da bolsa, a siderúrgica U.S. Steel caiu 9,46% após comentários de Trump que reafirmaram suas reticências em considerar a venda da empresa para sua rival japonesa Nippon Steel.
Os papéis de empresas petrolíferas foram arrastados pela queda dos preços do petróleo, entre eles Exxon Mobil (-5,55%), Chevron (-7,57%) e ConocoPhillips (-8,98%).
* AFP