"Sairão e retornarão como trabalhadores legais" aos Estados Unidos, disse o presidente Donald Trump sobre alguns imigrantes em situação irregular empregados na agricultura e hotelaria, dois setores preocupados com uma possível escassez de mão de obra.
"Estamos iniciando uma grande operação de autodeportação", declarou Trump nesta quinta-feira (10).
O republicano lidera uma cruzada contra a imigração ilegal, classificando como "criminosos" os imigrantes por terem entrado no país de forma irregular com o objetivo de, segundo ele, realizar "uma invasão".
Em seu retorno ao poder em janeiro, Trump eliminou o aplicativo de celular CBP One introduzido pelo governo de seu antecessor, o democrata Joe Biden, para que os migrantes pudessem agendar um horário em um porto de entrada e ingressar legalmente no país.
Mais de 900 mil pessoas utilizaram o aplicativo, de acordo com dados oficiais. A administração de Trump, porém, o substituiu pelo CBP Home, que incentiva a autoexpulsão dos imigrantes.
"Vamos trabalhar com as pessoas para que, se deixarem o país de forma adequada e retornarem ao seu país, trabalhemos com elas desde o início para tentar que retornem legalmente", assegurou Trump durante uma reunião de seu gabinete.
Empresários e congressistas republicanos e democratas enviaram no final de março uma carta à Casa Branca para pedir permissões de trabalho para os imigrantes sem antecedentes criminais. Argumentam que sem mão de obra os Estados Unidos deixam de ser a maior economia mundial.
- "Precisam de gente" -
"Precisamos cuidar dos nossos agricultores, hotéis e, vocês sabem, dos diversos locais onde precisam de gente", afirmou Trump nesta quinta.
O magnata republicano disse que permitirão que alguns imigrantes trabalhem para agricultores americanos, pelo menos temporariamente.
"Um agricultor virá com uma carta sobre certas pessoas dizendo que são ótimas, que estão trabalhando duro. Vamos desacelerar um pouco as coisas para eles. E então, em última instância, vamos trazê-los de volta", explicou.
"Sairão e retornarão como trabalhadores legais", resumiu sem dar detalhes.
Dos 2,4 milhões de trabalhadores agrícolas do país, 44% são imigrantes que entraram sem visto nem autorização, segundo uma pesquisa do Departamento de Trabalho.
Apesar dessas declarações, o governo está determinado a levar a cabo expulsões em massa.
- "20, 21 milhões" -
Na reunião do gabinete na Casa Branca, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, mencionou a cifra de "20, 21 milhões de pessoas que precisam voltar para casa".
De acordo com dados oficiais, estima-se que cerca de 11 milhões de pessoas vivam ilegalmente nos Estados Unidos, muitas delas latino-americanas.
No início de março, o Departamento de Segurança Interna instou os migrantes a se registrarem com seus dados pessoais e impressões digitais, e advertiu que não fazer isso constituiria "um delito" punível com "uma multa, prisão ou ambos".
"A Lei de Registro de Estrangeiros já está em vigor há tempo suficiente para que aqueles que estão aqui ilegalmente, se não se registraram, possam ser acusados criminalmente, enfrentar multas de até 1.000 dólares por dia e a deportação", avisou Noem nesta quinta-feira.
Segundo ela, "milhares de pessoas" já saíram do país voluntariamente.
Noem afirmou que El Salvador, Colômbia e México, entre outros países, "consideram estabelecer programas para apoiar essas pessoas quando retornarem ao seu país", de modo que "quando chegarem, recebam assistência para moradia e alimentação".
"É importante garantir que essas pessoas tenham a oportunidade de retornar para casa para que possam voltar aos Estados Unidos" um dia, acrescentou a secretária.
* AFP