
A Coreia do Sul anunciou nova eleição presidencial para o dia 3 de junho, após impeachment do presidente Yoon Suk-yeol. O comunicado foi feito pelo líder interino do país, Han Duck-soo, nesta terça-feira (8), data local.
O ganhador tomará posse no dia seguinte à eleição, e não haverá os dois meses de transição das votações normais.
O anúncio foi feito poucos dias após a Corte Constitucional remover Yoon do cargo devido à sua imposição da lei marcial em dezembro. De acordo com a lei sul-coreana, o país deve eleger um novo presidente dentro de 60 dias após a destituição.
As atenções se voltam agora para os dois principais partidos políticos: o conservador Partido do Poder do Povo (People Power Party), de Yoon, e seu principal rival liberal, o Partido Democrata.
A candidatura de Lee
O candidato do Partido Democrata deverá ser Lee Jae-myung , um poderoso líder da legenda que não enfrenta concorrência significativa interna. Lee, que perdeu por pouco a eleição de 2022 para Yoon, liderou o partido durante uma crise na qual muitos de seus membros enfrentaram tropas enviadas por Yoon para cercar a Assembleia Nacional durante a votação que derrubou a lei marcial e, depois, para o impeachment do presidente.
Líder da oposição, Lee já atuou como governador provincial e prefeito. Seus apoiadores o veem como um reformista populista. Seus críticos, no entanto, o consideram um demagogo que aposta na divisão e na demonização dos adversários.
Ele responde a cinco processos por corrupção e outras acusações. Se eleito, esses julgamentos provavelmente serão suspensos, devido à imunidade presidencial.
Conservadores sem candidato
Espera-se que os partidos políticos iniciem suas primárias nas próximas semanas para selecionar seus candidatos à presidência.
Cerca de 10 políticos do Partido do Poder do Povo devem disputar a indicação.
A decisão de Yoon de impor a lei marcial — que levou tropas armadas às ruas de Seul e evocou memórias traumáticas do período de governo militar no país — foi um golpe à reputação do partido, embora o partido em si não estivesse diretamente envolvido.
Alguns membros reformistas do partido criticaram publicamente a ação de Yoon e votaram a favor do impeachment, provocando um confronto com a ala tradicionalista que apoiava o presidente.
Yoon ainda conta com apoiadores fervorosos que realizaram manifestações em Seul e outras cidades. Muitos compartilham uma percepção de que Yoon é vítima de uma oposição esquerdista simpatizante da Coreia do Norte, que teria manipulado eleições para obter maioria no Legislativo e tramado a remoção de um líder patriota.
A atual liderança do partido é composta por aliados de Yoon, e isso provavelmente continuará alimentando divisões internas e prejudicando as chances eleitorais, segundo Choi Jin, diretor do Instituto de Liderança Presidencial em Seul.
Lei marcial
Na noite de 3 de dezembro, Yoon tentou impor uma lei marcial e enviou o Exército para bloquear o acesso ao parlamento, dominado pela oposição, mas os legisladores conseguiram se reunir para frustrar a medida, que deixou o país atônito.
Yoon foi afastado do cargo, detido, acusado de insurreição e, finalmente, destituído.
Ele foi liberado em 8 de março, enquanto o processo penal continua correndo. O crime de insurreição pode ser punido com a pena de morte na Coreia do Sul.