A Bolsa de Valores de Nova York caiu acentuadamente nesta segunda-feira (10), com os investidores cautelosos perante a divulgação do índice da inflação na quarta-feira e preocupados com a guerra comercial iniciada por Washington.
Às 15h10 GMT (12h10 no horário de Brasília), o índice industrial Dow Jones caía 0,78%, o que menos sofreu entre os principais índices de referência de Wall Street. O índice de tecnologia Nasdaq, por outro lado, caiu 3,45% e o S&P 500 perdeu 1,93%.
Desde o início do dia, Wall Street continuou no caminho descendente que caracterizou a semana passada.
As declarações do presidente americano, Donald Trump, no fim de semana também não ajudaram os mercados. Trump se recusou a prever se os Estados Unidos enfrentarão uma recessão este ano em uma entrevista divulgada no domingo.
"Odeio prever coisas assim", disse ele à Fox News, que o perguntou diretamente sobre uma possível recessão na economia dos Estados Unidos em 2025.
"Há um período de transição, porque o que estamos fazendo é muito grande. Estamos trazendo a riqueza de volta aos Estados Unidos", disse ele. "Leva um pouco de tempo", acrescentou o presidente republicano.
O secretário de Comércio de Trump, Howard Lutnick, foi mais direto quando questionado no domingo sobre a possibilidade de uma contração econômica.
"Absolutamente não", ele disse ao programa "Meet the Press", da NBC, quando perguntado se os americanos deveriam esperar uma recessão.
- Incerteza -
Os aumentos das tarifas e as ameaças de Trump contra os países vizinhos Canadá e México, assim como a China e outros países, mergulharam os mercados financeiros dos Estados Unidos em turbulência e deixaram os consumidores imersos na incerteza.
Wall Street teve sua pior semana desde a eleição presidencial em novembro passado.
Os índices de confiança do consumidor americano na economia estão caindo, enquanto os compradores, já desencorajados por anos de inflação, se perguntam se as tarifas aumentarão os preços dos produtos que consomem.
"Os agentes do mercado estão perdendo a fé na noção de que o presidente Trump evitará uma quebra do mercado revertendo suas políticas, se essas políticas forem a causa material do declínio do preço das ações", resumiu Patrick O'Hare, do Briefing.com, em uma nota de análise.
Para Christopher Low, da FHN Financial, a queda é explicada em parte pelos comentários de Trump, que foram considerados pouco tranquilizadores, "mas também pelas notícias sobre as taxas alfandegárias".
"As tarifas chinesas sobre produtos agrícolas americanos entram em vigor" nesta segunda-feira, "por outro lado, Mark Carney, que foi designado líder do Partido Liberal no Canadá neste fim de semana, declarou que manteria medidas recíprocas contra os Estados Unidos", disse o analista à AFP.
Carney, o futuro primeiro-ministro do Canadá, atacou diretamente Trump e garantiu em um forte discurso que seu país vencerá e "nunca fará parte dos Estados Unidos, de forma alguma", enquanto Trump não para de dizer que quer que o país se torne seu "51º estado".
"Não podemos permitir que Trump vença", alertou Carney durante seu discurso de vitória em Ottawa no domingo.
Em poucos dias, ele assumirá o lugar de Justin Trudeau, que anunciou sua renúncia em janeiro após dez anos no poder.
- Golpe para a Tesla -
Paralelamente, o mercado aguarda o índice IPC de fevereiro nos Estados Unidos.
"Esses dados da inflação são particularmente importantes devido ao que está acontecendo em Washington", destacou Low.
O fato de não haver muitos dados disponíveis sobre o atual período de Trump na Casa Branca cria "um sentimento real de incerteza entre os investidores", explicou.
Entre os maiores perdedores do dia estava a Tesla, pioneira em carros elétricos fundada pelo assessor próximo de Trump, Elon Musk, que caiu mais de 8% em Wall Street nesta segunda-feira, devido às vendas fracas e ao declínio generalizado nas ações de tecnologia.
Por volta das 15h00 GMT (12h00 em Brasília), as ações da empresa fundada por Musk caíam impressionantes 8,87%, para US$ 239,51 por ação (cerca de R$ 1.387). A Tesla agora vale metade do que valia em dezembro, logo após a eleição de Donald Trump, e sua capitalização de mercado agora é de US$ 700 bilhões (R$ 4 trilhões).
Além da Tesla, as outras seis grandes empresas de tecnologia que o mercado mais acompanha tiveram fortes quedas: Alphabet (-4,06%), Amazon (-2,60%), Meta (-3,74%), Apple (-3,97%), Microsoft (-2,22%) e Nvidia (-3,47%) ficaram claramente no vermelho.
* AFP