Equipes de resgate continuam a busca por sobreviventes em Bahía Blanca nesta segunda-feira (10), depois que uma tempestade sem precedentes atingiu a cidade argentina na sexta-feira (7), deixando 16 mortos, cem desaparecidos e prejuízos milionários.
Quase 1 mil pessoas permanecem em cerca de 10 abrigos, enquanto máquinas pesadas removem escombros em uma lenta reconstrução desta localidade costeira de 350 mil habitantes, 600 quilômetros ao sul da capital argentina.
— As águas baixaram em todos os lugares nos limites da cidade, embora localidades vizinhas ainda estejam alagadas — disse nesta segunda-feira o ministro da Segurança de Buenos Aires, Javier Alonso, à rádio AM750.
Entre os procurados estão duas irmãs, um e cinco anos, levadas pela correnteza junto com a mãe, sobrevivente da tragédia. O corpo de um homem que tentou resgatá-las foi encontrado na tarde de domingo (9). Alonso disse que são as únicas pessoas "registradas como desaparecidas ao Ministério Público".
Em meio à falta de energia e antenas telefônicas danificadas, as autoridades estão confiantes de que, das centenas de desaparecidos, grande parte seja "resultado de pessoas que se desencontraram".
— Há 269 escolas e precisamos que reabram o mais rápido possível. Das primeiras cem que verificamos, 32 não sofreram danos, 45 precisam ser limpas e 23 foram seriamente danificadas e precisarão de reparos. Tudo isso leva tempo — disse Alonso.
Conforme o ministro, em algumas partes da cidade, "há um metro e meio de lama". Cerca de 200 bombeiros chegarão a Bahía Blanca nesta segunda-feira, além de quase 800 policiais, em meio a temores de saques.
Organizações civis, incluindo clubes de futebol, lançaram campanhas de doações para as vítimas e o governo declarou três dias de luto nacional pela tragédia.
A Argentina recebeu as condolências do papa Francisco, hospitalizado com pneumonia, que expressou a sua "proximidade" ao sofrimento das vítimas de Bahía Blanca. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também enviou as suas "mais profundas condolências".
A tempestade, a pior da história de Bahía Blanca, causou danos de cerca de US$ 400 milhões (R$ 2,30 bilhões), segundo um balanço preliminar. O governo nacional autorizou uma ajuda extraordinária de 10 bilhões de pesos (R$ 53 milhões) para a província de Buenos Aires, onde fica Bahía Blanca.
Nos bairros onde a água baixou, emergiram pilhas de entulho, móveis danificados e carros empilhados enquanto os moradores removiam a lama de suas casas.
O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, descreveu o que aconteceu como "uma catástrofe sem precedentes". A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, disse que a tragédia não poderia ter sido prevista.
— Caíram 300 milímetros (de chuva) em oito horas na cidade, que recebe 190 milímetros por ano. Não há infraestrutura que suporte isso, em um fenômeno climático que destrói tudo — disse ao jornal Infobae.
A chuva afetou toda a região, com cerca de 2 milhões de hectares de terras agrícolas danificadas.