
A Rússia lançou um ataque aéreo noturno em Kiev, capital da Ucrânia, na noite desta terça-feira (11). O bombardeio com mísseis matou ao menos uma pessoa.
"Segundo informações preliminares, uma pessoa morreu no distrito de Podilski", no centro da capital, afirmou o prefeito Vitali Klitschko no Telegram.
Ele acrescentou que três pessoas ficaram feridas — duas foram hospitalizadas e uma foi atendida no local.
Andrii Yermak, chefe do gabinete da presidência ucraniana, afirmou que os sistemas de defesa aérea ao redor de Kiev estavam operando para repelir mísseis balísticos.
O ataque provocou danos e incêndios em pelo menos quatro distritos da capital, segundo os serviços de emergência.
Ataque ocorre após Ucrânia concordar com proposta de cessar-fogo dos EUA

Rússia e Ucrânia tentam avançar no campo de batalha antes de possíveis negociações para encerrar o conflito.
Mais cedo, a Ucrânia aceitou uma proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias na guerra com a Rússia nesta terça-feira (11). Para selar o acordo, uma declaração conjunta dos dois países foi publicada, e o governo ucraniano se comprometeu a tomar medidas para restaurar uma paz duradoura após a invasão da Rússia.
Depois do encontro, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que os Estados Unidos precisam "convencer" a Rússia a aceitar o cessar-fogo. Ele acrescentou que a Ucrânia vê essa proposta de trégua de forma "positiva".
"A Ucrânia aceita essa proposta. Estamos dispostos a adotar uma medida como essa", escreveu Zelensky em uma rede social.
O líder ucraniano também disse que os Estados Unidos "entendem nossos argumentos, captam nossas propostas" e agradeceu a Donald Trump pela "conversa construtiva" entre as equipes de ambos os países.
"A Ucrânia está pronta para a paz. A Rússia deve demonstrar se está disposta a pôr fim à guerra ou a continuá-la", acrescentou Zelensky.
O chefe da administração presidencial ucraniana, Andrii Yermak, que participou das negociações em Jidá, disse:
— Eu acho que a expectativa em relação à Rússia não vem só da Ucrânia. Eu acho, a partir da declaração conjunta de hoje, que essa é a expectativa do mundo. A Rússia precisa dizer muito claramente, eles querem paz ou não? Eles querem acabar com essa guerra que eles começaram ou não?
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não se manifestou sobre a proposta de cessar-fogo.
Ucrânia lançou maior ataque com drones desde início da guerra antes de aceitar proposta dos EUA

Na madrugada desta terça-feira, a Ucrânia efetuou o maior ataque com drones contra o território russo, muitos deles sobre Moscou. O ataque ocorreu algumas horas antes da uma reunião com representantes do governo dos Estados Unidos na Arábia Saudita, em que o país concordou com proposta de cessar-fogo apresentada pela Casa Branca.
De acordo com o portal g1, duas pessoas morreram e três ficaram feridas no bombardeio, que provocou incêndios e chegou a suspender o transporte aéreo e ferroviário na região.
O Ministério da Defesa da Rússia informou que foram derrubados 337 drones ucranianos no ataque mais intenso registrado contra seu território desde o início da invasão à Ucrânia há mais de três anos.
Destes, 91 foram interceptados na região de Moscou, habitualmente à margem das hostilidades da guerra, cujo governador informou o balanço de uma pessoa morta e três feridas no bombardeio.
Como começou a guerra?
O conflito explodiu no Leste Europeu em fevereiro de 2022, mas a tensão era crescente desde 2014, quando a Rússia invadiu e ocupou a península da Crimeia. No Donbass, região leste da Ucrânia, combatentes separatistas, com o apoio russo, lutavam contra tropas do governo pela independência das regiões de Donetsk e Luhansk.
Tendo como argumento a defesa da população falante russa na região, o presidente Vladimir Putin reconheceu, em 21 de fevereiro de 2022, a autonomia dessas áreas. Três dias depois, invadiu a Ucrânia, uma ex-república soviética, independente desde 1991. O pano de fundo da crise foi a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o Leste.
O conflito começou cedo em 24 de fevereiro de 2022. Por volta das 5h (horário local de Moscou, meia-noite no Brasil), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a operação militar de invasão ao país vizinho.
Inicialmente, a expectativa era de que os ataques ficassem restritos às duas regiões reconhecidas por ele como independentes na última segunda-feira (21): Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia. No entanto, ao longo do dia, a realidade foi de explosões em diferentes regiões ucranianas, inclusive a capital, Kiev.
À época, a reação internacional ocorreu de forma contundente. Membros da Organização das Nações Unidas (ONU), da União Europeia e de países como China, França, Alemanha e Reino Unido reagiram à invasão, seja condenando ou pedindo moderação.
Quais os motivos para a guerra?
Diferentes motivos explicam o conflito na Ucrânia, uma ex-república, que integrava a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas até 1991. Com o colapso soviético, a Ucrânia declarou independência, mas sua soberania sempre esteve ameaçada pela influência da Rússia, que vê o território como parte do país.
Nos anos 2000, a Ucrânia iniciou uma aproximação com o Ocidente, mas houve reveses. Em 2004, o presidente eleito Viktor Yanukovich (pró-Rússia) foi removido do poder pela Revolução Laranja, após protestos exigindo eleições transparentes no país. Em 2014, ele retornou ao poder. Ao rejeitar acordos preliminares de integração à União Europeia, Yanukovich foi derrubado pela revolta na Praça Maidan, em Kiev. Semanas depois de sua saída, a Rússia anexou a Crimeia, uma base da frota russa no Mar Negro, e separatistas pró-Moscou tomaram instalações-chave no leste ucraniano.
Expansão da Otan
A intenção da Ucrânia de ingressar na aliança militar do Ocidente acendeu o alerta na Rússia, que temeu tropas na sua fronteira e área de influência. As sucessivas expansões da Otan para o Leste, inclusive para países que pertenciam ao antigo Pacto de Varsóvia, causaram desconforto no Kremlin.
Imperialismo russo
Depois da crise com o fim da URSS, nos anos 1990, Putin assumiu a presidência com a promessa de reposicionar a Rússia enquanto potência global. O país quis retomar a influência em áreas de maioria russa, como a Ossétia do Sul e a Abcásia (Geórgia), a Transnístria (Moldávia) e o próprio Donbass (Ucrânia). A Crimeia já foi ocupada em 2014.
Separatismo no Donbass
Putin explora os interesses de grupos separatistas pró-Rússia no Donbass. Depois da ocupação da Crimeia, essas organizações passaram a exigir a independência das províncias ucranianas de Donetsk e Luhansk. Uma guerra começou entre os separatistas e as forças do governo da Ucrânia. Dias antes da invasão russa, em 2022, Putin reconheceu a independência das duas províncias.
Proteção dos russos étnicos
O governo russo argumentou que um dos objetivos de sua "operação especial", eufemismo de Putin para a guerra na Ucrânia, foi proteger os falantes russos do Donbass, que, em sua visão, seriam perseguidos pelo governo ucraniano.
"Desnazificação" do país
Putin disse que o governo ucraniano era integrado por políticos de inspiração nazista. Embora o Batalhão Azov, unidade militar integrada às forças armadas russas que luta contra os separatistas no Donbass, conte com integrantes de orientação neonazista, essa não é a realidade da maioria dos líderes ucranianos.