Os conflitos na Ucrânia e Oriente Médio, além da incerteza política internacional afetaram o mercado de arte em 2024, que perdeu 33,5% de seu volume de negócios, registrando 9,9 bilhões de dólares (57 bilhões de reais), segundo o relatório anual Artprice publicado nesta segunda-feira(10).
Foi o volume de vendas mais baixo desde 2009, informou a empresa especializada em análise de mercados artísticos. A redução atingiu todas as grandes capitais: Nova York 29%, Londres 28%, Hong Kong e Paris 21%.
No entanto, "o número de transações bateu recordes, chegando a mais de 800.000 (+5%), o que compensa essa queda e garante liquidez ao mercado de arte", disse Thierry Ehrmann, CEO da Artprice.
"Os grandes colecionadores estão cautelosos, mesmo no caso de grandes figuras como Mark Rothko, Jasper Johns, Ellsworth Kelly ou Jean-Michel Basquiat".
O mesmo vale para Pablo Picasso, cujas vendas mundiais devem cair à metade até 2024, para 223 milhões de dólares (1,28 bilhão de reais), segundo o relatório.
"As transações das Belas Artes (pintura, escultura, desenho, fotografia, gravura, vídeo, instalações, tapeçaria e NFT) diminuíram à medida que os preços aumentaram.
Por outro lado, a atividade em torno de obras acessíveis vive uma efervescência sem precedentes, com mais da metade encontrando um comprador por menos de 600 dólares", acrescentou Ehrmann.
A inteligência artificial (IA) também fez uma "entrada histórica" no mercado de arte com uma pintura feita pela Ai-Da, um robô humanoide autônomo. O retrato do matemático inglês Alan Turing foi vendido por 1 milhão de dólares (5,7 milhões de reais), quase dez vezes o menor valor estimado.
Em relação aos países, destaca-se que a queda das vendas na China, com 1,8 bilhão de dólares (10,38 bilhões de reais (-63%).
O país caiu para o segundo lugar no mundo, atrás dos Estados Unidos (3,8 bilhões de dólares ou 21,91 bilhões de reais), empatado com a União Europeia (1,8 bilhão de dólares ou 10,38 bilhões de reais).
O preço recorde para uma obra de arte em 2024 foi o de 'L'Empire des Lumières' (O Império das Luzes), de 1954, do artista belga René Magritte, vendido por 121 milhões de dólares (697 milhões de reais), comparado aos 139 milhões (801 milhões de reais) pagos por uma obra de Picasso em 2023.
A 'pop art' americana registrou um novo recorde de 68 milhões de dólares (392 milhões de reais) para uma obra de Ed Ruscha, nascido em 1937.
* AFP