O movimento islamista palestino Hamas acusou, nesta segunda-feira (3), Israel de ter atuado para "afundar" o acordo de trégua na Faixa de Gaza, que está atualmente em um impasse.
"As violações do acordo durante a primeira fase demonstram sem a menor dúvida que o governo de ocupação (Isral, ndlr) querian afundar o acordo, e fez todo o possível para conseguir isso", afirmou Usama Hamdam, uma autoridade do Hamas, em um vídeo.
"Nesse contexto, as recentes decisões de (o primeiro ministro israelense Benjamin) Netanyahu de adotar a proposta americana para prorrogar a primeira fase do acordo contradizem o acordado", acrescentou.
Segundo Hamdane, a pressão exercida por Israel para estender a primeira fase do acordo é uma "tentativa descarada de evitar negociar a segunda fase".
A primeira fase do acordo, com uma duração acordada de 42 dias, entrou em vigor em 19 de janeiro, após 15 meses de guerra devastadora em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
As negociações deveriam ocorrer durante essa fase para negociar a segunda fase, que, segundo o Hamas, prevê "um cessar-fogo completo e permanente" e uma "retirada total" de Israel de Gaza.
Israel, por sua vez, quer que o Hamas liberte mais reféns como parte de uma extensão da primeira fase, em vez de passar para a segunda fase.
O governo de Benjamin Netanyahu insistiu que se reserva o direito de retomar os combates a qualquer momento para aniquilar o Hamas, caso ele não deponha suas armas.
No domingo, Israel disse que havia aceitado um compromisso dos EUA, rejeitado pelo Hamas, que previa uma extensão da primeira fase da trégua até o Ramadã e a Páscoa, ou seja, até meados de abril.
De acordo com Israel, o plano dos EUA estipula que "metade dos (reféns israelenses em Gaza), vivos e mortos", seria repatriada no primeiro dia de sua entrada em vigor.
Os prisioneiros restantes seriam entregues "no final, se um acordo sobre um cessar-fogo permanente for alcançado".
Diante da rejeição do Hamas, Israel bloqueou no domingo a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, onde cerca de 2,4 milhões de palestinos estão sitiados pelo exército israelense desde outubro de 2023, até novo aviso.
* AFP