O governo trabalhista do Reino Unido, que enfrenta um crescimento econômico lento e está ansioso para sanear as finanças públicas, anunciou nesta terça-feira (18) reformas nos benefícios para pessoas com doenças e deficiências para economizar.
Esse pacote de reformas, que provocou vozes discordantes dentro do próprio Partido Trabalhista, "deve economizar mais de 5 bilhões de libras" (quase 6,5 bilhões de dólares ou 37 bilhões de reais na cotação atual) até 2029 ou 2030, disse a ministra do Partido Trabalhista, Liz Kendall, em seu discurso no Parlamento do Reino Unido.
"O sistema de segurança social que herdamos dos conservadores não ajuda as pessoas que deveria apoiar e está atrasando o progresso do nosso país", disse Kendall, enviada para explicar os cortes no Parlamento.
A medida controversa pretende endurecer os critérios de elegibilidade para ajuda às pessoas com deficiência ou com doenças permanentes para o Personal Independence Payment (PIP).
Cerca de 3,6 milhões de pessoas, algumas trabalhadoras, se beneficiam desta ajuda destinada a cobrir os custos relacionados à sua condição, dos quais 38% são distúrbios psiquiátricos.
O governo defende a reforma pela necessidade de redesenhar um sistema de segurança social que é "muito caro" e bloqueia subsídios para pessoas que poderiam estar trabalhando, de acordo com a ministra da Fazenda, Rachel Reeves.
"Existe um argumento tanto moral quanto econômico", disse um porta-voz do primeiro-ministro Keir Starmer, que explicou que o número de beneficiários do PIP está insustentável e que, desde a pandemia, muitos relatam "ansiedade e depressão como a doença principal".
"Precisamos garantir que o PIP chegue às pessoas adequadas", acrescentou, concordando com os comentários do ministro da Saúde, Wes Streeting, de que os médicos "diagnosticam em excesso" os problemas de saúde mental.
O Reino Unido gastou 296,3 bilhões de libras (384 bilhões de dólares ou 2,1 trilhões de reais na cotação atual) em pagamentos de assistência social em 2023 e 2024, o equivalente a 11% do seu PIB, de acordo com estimativas do Office for Budget Responsibility, que supervisiona os gastos do país.
Clive Lewis, deputado do partido no poder por Norwich, criticou a reforma como "impossível se quisermos aderir aos valores trabalhistas pelos quais as pessoas elegeram este governo".
Rachael Maskell, deputada trabalhista de York, alertou sobre as "consequências trágicas" destes cortes, que colocariam as pessoas com deficiência "em uma pobreza ainda maior".
* AFP