A pobreza na Argentina atingiu 38,1% da população no segundo semestre do ano passado, uma queda de 14,8 pontos percentuais em relação aos seis meses anteriores, informou o Instituto de Estatísticas Indec nesta segunda-feira (31).
É um recuo significativo em relação aos primeiros seis meses do governo do ultraliberal Javier Milei, quando a pobreza havia disparado para 52,9%. A indigência, por sua vez, caiu para 8,2% da população, ante os 18,1% do semestre anterior, em um país com 47 milhões de habitantes.
A melhora reflete o impacto da redução da inflação, que passou de 211% em 2023 para 118% em 2024, uma queda que o presidente destacou como o principal feito de seu governo.
A redução da pobreza é um "efeito direto da luta contra a inflação conduzida pelo presidente Javier Milei, além da estabilidade macroeconômica e da eliminação de restrições que por anos limitaram o potencial econômico dos argentinos", afirmou a Presidência em um comunicado na rede X.
O programa econômico do governo, com um ajuste inédito nos gastos públicos, alcançou o primeiro superávit anual das contas em 14 anos. A economia encolheu 1,8% em 2024, menos do que o esperado.
O ajuste se traduziu em milhares de demissões devido à eliminação ou redução de órgãos estatais e à paralisação de obras públicas.
Também foram desreguladas as tarifas de serviços públicos, que triplicaram de valor, e liberados os preços de aluguéis e medicamentos, entre outros, resultando em aumentos que afetaram especialmente os aposentados, o setor mais prejudicado pelo ajuste.
A contração da economia teve reflexo no consumo, que acumula 15 meses consecutivos de queda.
Apesar de tudo, as estatísticas do Indec confirmam uma melhora nos dados da pobreza, medida pelo nível de renda das pessoas.
Segundo a metodologia do Indec, "os lares classificados como pobres são aqueles que não possuem renda suficiente para comprar uma cesta básica", que, de acordo com o último relatório do Instituto, alcançou em fevereiro passado o valor de 342.370 pesos (313 dólares na cotação oficial, 1.797 reais).
* AFP