
A estatal Petroecuador declarou estado de emergência no Sistema de Oleoduto Transequatoriano (SOTE) e suspendeu as exportações de petróleo após o vazamento registrado na província de Esmeraldas (noroeste do Equador), que afeta 500.000 pessoas, segundo as autoridades.
A empresa informou que adiou as exportações de petróleo do tipo Oriente após estabelecer a figura de força maior em suas operações. Com a medida, o grupo pretende evitar sanções por eventuais descumprimentos de contratos com seus compradores.
"A declaração de emergência não será superior a 60 dias e tem como objetivo (...) destinar todos os recursos necessários para minimizar o impacto do evento de força maior nas operações de exploração, extração, transporte e comercialização de hidrocarbonetos", afirmou a Petroecuador em um comunicado.

Na quinta-feira da semana passada aconteceu uma avaria em um oleoduto devido a um deslizamento. Dezenas de milhares de barris de petróleo vazaram e contaminaram pelo menos cinco rios, como o Esmeraldas, que segue até o Pacífico.
"Estamos falando de 500 mil pessoas (afetadas) porque temos uma comunidade hídrica" que reúne vários municípios que compartilham o abastecimento da mesma estação de tratamento de água, disse ao canal Teleamazonas Vicko Villacís, prefeito da cidade de Esmeraldas, capital da província homônima.
A Petroecuador afirmou que as operações do SOTE serão reiniciadas esta semana. A empresa ainda não revelou a quantidade derramada, mas Villacís anunciou a estimativa de quase 200.000 barris.

O biólogo marinho Eduardo Rebolledo, da Universidade Católica na cidade de Esmeraldas, indicou ao canal Ecuavisa que devido à poluição "não há formas de vida na água" dos rios Caple e Viche, nos quais "flui uma mistura de petróleo com água".
"No mundo rural de Esmeraldas, o serviço de água potável é limitado, as pessoas dependem muito dos rios, as pessoas ocupam a água dos rios", enfatizou.
Villacis reportou que somente na capital provincial, a 100 km de onde ocorreu o vazamento, há "213.000 pessoas afetadas" e que o petróleo se estendeu através de afluentes até o rio Esmeraldas, manchando as águas do Pacífico e comunidades ribeirinhas como o balneário de Atacames.
O governo declarou emergência ambiental na província, onde há um refúgio de vida silvestre.
A estatal Petroecuador, a cargo do oleoduto, utiliza navios-tanque para recuperar o petróleo derramado no bairro de El Vergel, no povoado de Quinindé, onde seu prefeito Ronald Moreno reportou que 4.500 famílias (ao redor de 15.000 pessoas) foram afetadas.
Em 2024, o Equador explorou 475.000 barris de petróleo por dia, um dos seus principais produtos de exportação. Esse ano, vendeu 73% da produção, o que gerou 8,64 bilhões de dólares (49 bilhões de reais).
* AFP