A empresa americana 23andMe, pioneira em testes genéticos, entrou com um pedido de falência nos Estados Unidos e está procurando comprador, dois anos depois de um ataque cibernético no qual os hackers acessaram milhões de perfis de usuários.
A 23andMe informou na noite de domingo que tinha apresentado um pedido voluntário de reorganização financeira em um tribunal de falências do estado do Missouri, segundo um comunicado.
O anúncio gerou advertências aos clientes da 23andMe para que solicitassem à empresa a eliminação de seus dados diante da preocupação por privacidade.
A empresa era conhecida por comercializar um teste de saliva com devolução por correio para determinar a ascendência ou certos traços genéticos relacionados com a saúde por menos de 200 dólares (cerca de R$ 1.150, na cotação atual).
Em seu apogeu há alguns anos, a febre dos testes de DNA fez com que milhões de pessoas se envolvessem nas buscas sobre sua ascendência e informações de saúde, e os testes de 23andMe acabaram se tornando um presente popular nos Estados Unidos.
O grupo, sediado no Vale do Silício, afirma ter 15 milhões de clientes, mas suas vendas caíram nos últimos meses à medida que a febre dos testes perdia impulso e a empresa sofria com vazamentos de dados por ações de piratas cibernéticos.
A empresa rejeitou uma oferta de aquisição de sua cofundadora e diretora-executiva, Anne Wojcicki, que renunciou ao cargo, mas permanecerá na junta de diretores da companhia.
Wojcicki, cofundadora da 23andMe há 19 anos, reconheceu os desafios da companhia, mas enfatizou sua firme convicção em seu futuro.
Devido às dificuldades financeiras, a 23andMe anunciou a demissão de 40% de seu quadro de funcionários em novembro, cerca de 200 pessoas. Também suspendeu seus programas de pesquisa.
Em uma apresentação às autoridades supervisoras, a 23andMe também declarou que acordou pagar aproximadamente 37,5 milhões de dólares (R$ 215 milhões) para resolver os processos relacionados com o vazamento de dados de 2023.
O incidente de pirataria cibernética de 2023 afetou 6,9 milhões de contas, das quais 5,5 milhões continham informação sobre coincidências genéticas.
* AFP