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Escolas, faculdades e estados que exigem imunizações contra a covid-19 poderão deixar de receber dinheiro federal, de acordo com uma ordem executiva assinada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, nesta sexta-feira (14).
A medida, contudo, deve ter pouco impacto nacional, pois a maioria das escolas já abandonou essas exigências. E não está claro qual dinheiro está em risco.
Todos os estados exigem que as crianças em idade escolar sejam vacinadas contra determinadas doenças, incluindo sarampo, caxumba, poliomielite, tétano, coqueluche e varicela. E todos permitem isenções por determinados motivos médicos ou religiosos.
Queda na vacinação
A decisão ocorre ao mesmo tempo que o país vive uma queda na vacinação contra outras doenças.
Um surto crescente de sarampo no Estado americano do Texas infectou 48 pessoas, segundo dados oficiais divulgados nesta sexta-feira, um sinal de que a doença infantil, controlada há décadas, retorna à medida que as taxas de vacinação diminuem.
O surto ocorre no momento em que Robert F. Kennedy Jr. acaba de ser confirmado como secretário de Saúde dos Estados Unidos. Para ele, as vacinas contra o sarampo, a caxumba e a rubéola estão ligadas ao autismo.
A grande maioria dos pacientes são crianças que não estavam vacinadas, ou cujo status de vacinação era desconhecido. Treze delas foram internadas.
As taxas de vacinação infantil diminuem nos Estados Unidos, uma tendência que acelerou durante a pandemia de covid-19, quando as preocupações em torno do desenvolvimento rápido de algumas vacinas, somadas à desinformação, reduziram ainda mais a confiança nas instituições de saúde pública.
Campo maior para o sarampo
— Existem áreas nos Estados Unidos que são suscetíveis, e não me surpreende que isso ocorra no condado que tem as menores taxas de vacinação do Estado — disse o pesquisador principal da Universidade Johns Hopkins, Amesh Adalja.
A maior parte dos casos ocorreu no condado de Gaines, que tem uma taxa alta de isenções de vacinas, muitas vezes concedidas por motivos religiosos. Em nível nacional, a cobertura de vacinação entre crianças do jardim de infância caiu abaixo de 93% no ano letivo de 2023-24, permanecendo abaixo da meta federal, de 95%, pelo quarto ano consecutivo, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Os Estados Unidos relataram 285 casos de sarampo no ano passado. O pior surto recente ocorreu em 2019, quando 1.274 casos, em grande parte concentrados nas comunidades judaicas ortodoxas de Nova York e Nova Jersey, resultaram no maior total nacional em décadas.
O sarampo é uma das principais causas de morte no mundo.
— É realmente espantoso que as pessoas nos Estados Unidos tenham decidido não se vacinar — disse Adalja. — Quando você tem o principal propagandista do movimento antivacinas na posição mais alta do poder governamental no que diz respeito à saúde, o único que se beneficia disso é o sarampo.