O presidente dos Estados Unidos Donald Trump recebe nesta terça-feira (4), na Casa Branca, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, que enviará nesta semana uma delegação ao Catar para retomar as negociações sobre o cessar-fogo entre israelenses e o grupo extremista Hamas na Faixa de Gaza.
Netanyahu é o primeiro governante estrangeiro convidado à Casa Branca desde o retorno de Trump ao poder em 20 de janeiro. Ambos mantêm uma relação estreita desde o primeiro mandato de Trump, entre 2017 e 2021.
Antes de viajar, Netanyahu afirmou que "trabalhando de maneira estreita" com Trump seria possível "redesenhar ainda mais" o mapa do Oriente Médio. O presidente republicano gerou polêmica internacional recentemente ao propor "limpar" Gaza e transferir os seus habitantes para locais "mais seguros", como Egito e Jordânia, que afirmaram ser contrários à ideia.
Trump também questionou a continuidade do acordo de trégua em Gaza, apesar de, no momento do anúncio, poucos dias antes de sua posse, ter reivindicado um papel fundamental na concretização do cessar-fogo. O emissário especial dele para o Oriente Médio, Steve Witkoff, expressou um leve otimismo e disse que acredita em "libertar os reféns, salvar vidas e chegar a uma resolução pacífica de tudo".
A recusa de Jordânia e Egito a receber os 2,4 milhões de habitantes de Gaza não parece desanimar o norte-americano, que aborda cada desafio diplomático como a negociação de um contrato de negócios. A Jordânia já abriga quase 2,3 milhões de refugiados dos conflitos em Gaza.
— Fazemos muito por eles e eles vão fazer — insistiu Trump na última semana.
Em uma mudança expressiva em relação ao antecessor, Joe Biden, Trump desbloqueou a entrega a Israel de bombas de 900 quilos, que havia sido suspensa pelo democrata. Ele também anulou as sanções financeiras que o ex-presidente havia determinado contra colonos israelenses acusados de violência contra palestinos na Cisjordânia.
O novo presidente ainda pode abordar com o convidado o tema da normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita, potência regional no Oriente Médio, pelo qual já trabalhou durante o primeiro mandato.
Negociação de cessar-fogo
Antes da reunião, o gabinete de Netanyahu anunciou que enviará "no final da semana" uma delegação ao Catar para discutir as próximas fases do cessar-fogo em vigor em Gaza desde 19 de janeiro.
Na segunda-feira (3), duas fontes do Hamas afirmaram à AFP que o movimento está pronto para reiniciar as conversações e aguarda a convocação dos mediadores (Catar, Egito e Estados Unidos).
O acordo de trégua permitiu a interrupção de mais de 15 meses de uma guerra devastadora entre Israel e o movimento islamista Hamas e a libertação de vários reféns israelenses em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos.
O pacto contempla três fases. A primeira, de seis semanas, também deve servir para negociar os detalhes da segunda, que deve incluir a libertação dos demais reféns ainda vivos e o fim definitivo do conflito.
Início da guerra
O confronto começou em 7 de outubro de 2023 com o ataque surpresa do Hamas contra o sul de Israel, que provocou a morte de 1.210 pessoas, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Israel respondeu com uma campanha aérea e terrestre contra Gaza que devastou o território e deixou pelo menos 47.487 mortos, segundo dados do ministério da saúde do governo do Hamas, que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera confiáveis.
Em seu ataque, os milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas. Destas, 76 permanecem retidas em Gaza, mas o exército israelense considera que 34 morreram em cativeiro. Quando a primeira fase da trégua acabar, o Hamas ainda terá quase 50 reféns, entre vivos e mortos.