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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que o mercado global da cocaína poderia ser desmantelado se a droga fosse legalizada, pois, segundo ele, "não é pior que o uísque" e só é considerada ilícita "porque é produzida na América Latina".
Durante um inédito conselho de ministros transmitido ao vivo na noite de terça-feira (4), o mandatário colombiano declarou:
— A cocaína é ilegal porque é feita na América Latina, não porque seja pior que o uísque. Isso os cientistas analisam. A cocaína não é pior que o uísque.
Petro defendeu que, para alcançar a paz, é necessário desmantelar o negócio do narcotráfico.
— Isso poderia ser feito facilmente se a cocaína fosse legalizada no mundo. Seria vendida como os vinhos — argumentou.
O presidente colombiano também comparou a cocaína ao fentanil, um opioide sintético que provoca ao menos 75 mil mortes anuais nos Estados Unidos, segundo dados oficiais.
— O fentanil, sim, está matando os norte-americanos, e isso não é produzido na Colômbia — disse Petro.
Ele destacou ainda que essa substância surgiu como um medicamento fabricado por multinacionais dos EUA, e os consumidores acabaram viciados.
Reunião ministerial
O tema das drogas foi apenas um dos muitos abordados pelo presidente durante a reunião ministerial, que durou seis horas e foi transmitida ao vivo sem aviso prévio. O evento também expôs fissuras dentro do governo, com vários ministros reclamando da presença da chanceler Laura Sarabia e do chefe de gabinete Armando Benedetti, recém-nomeados em meio a investigações e disputas políticas.
Na quarta-feira (5), após o conselho de ministros, foram anunciadas as renúncias de Jorge Rojas, chefe do DAPRE (entidade responsável pela execução de grandes verbas estatais), e do ministro da Cultura, Juan David Correa, entre outras demissões protocolares.
Desde que assumiu a presidência em 2022, Petro tem buscado negociações de paz com todos os grupos armados financiados pelo narcotráfico, na tentativa de encerrar seis décadas de conflito no país.
A Colômbia é o maior exportador de cocaína do mundo. De acordo com um relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a produção da droga no país sul-americano aumentou 53% em 2023, chegando a 2,6 mil toneladas anuais.
Apesar de cinco décadas de combate ao narcotráfico, com apoio financeiro bilionário dos Estados Unidos – o maior consumidor de cocaína do mundo –, a produção da droga na Colômbia segue em crescimento desde 2014.