O papa Francisco, hospitalizado desde sexta-feira (14) e afetado por uma pneumonia nos dois pulmões, teve uma "noite tranquila", anunciou o Vaticano nesta quarta-feira (19).
"O papa passou uma noite tranquila, acordou e tomou café da manhã", anunciou o Vaticano em um comunicado.
Francisco, 88 anos, está hospitalizado desde o dia 14 de fevereiro no Hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli, em Roma.
Na terça (18), uma tomografia torácica revelou uma pneumonia bilateral. Ele continua apresentando um "quadro clínico complexo" que exige tratamento médico adicional, segundo o boletim médico.
O argentino, que sofre de problemas respiratórios e teve parte do pulmão direito removido quando tinha 21 anos, contraiu uma infecção polimicrobiana, em um contexto de bronquiectasias e bronquite asmática.
Apesar das dificuldades, o papa ser recusou a reduzir a agenda sobrecarregada e o ritmo intenso de trabalho.
Após sua internação, a Santa Sé cancelou os compromissos da agenda de Francisco até quarta-feira em um primeiro momento, mas na terça-feira anunciou o cancelamento de sua audiência jubilar de sábado e informou que o papa não presidiria a missa de domingo.
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Inchaço no rosto do Papa
Nas últimas semanas, o inchaço observado no rosto do pontífice chamou atenção do público. Apesar dos problemas de saúde enfrentados por Francisco, não é possível afirmar a causa desta condição, considerando que o Vaticano não ofereceu detalhes sobre o estado do Papa.
De acordo com Alessandro Pasqualotto, chefe do serviço de Infectologia do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia, diversos são os fatores capazes de provocar essa aparência pelo corpo.
— Esse inchaço não parece ter relação com a infecção atual e nem tampouco com os antibióticos que ele possa estar usando. Mas, sim, talvez denote a presença de outra condição de saúde, que não está clara e não está revelada — pontua.
O que é infecção polimicrobiana
As infecções polimicrobianas são causadas por diferentes bactérias atuando simultaneamente no organismo, podendo ser uma ação combinada com vírus, fungos e parasitas.
Ou seja, essa condição não é considerada uma doença isolada, segundo o chefe do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento, Marcelo Basso Gazzana, mas sim um fator que pode complicar quadros já existentes.
Quando afeta as vias respiratórias, a infecção pode provocar sintomas como tosse, falta de ar, febre, fadiga e chiado no peito, semelhantes aos da pneumonia e de outras doenças respiratórias.
De acordo com Gazzana, a condição não é rara e acomete mais as pessoas idosas:
— É comum quando o paciente aspira conteúdo da boca com muitos germes, principalmente entre idosos, que costumam ter problemas de deglutição, eles se engasgam facilmente com os alimentos. Isso facilita que ocorram infecções. Vemos com frequência casos de idosos com quadro de pneumonia por aspiração pulmonar, por exemplo — explica.
Problemas frequentes de saúde
Apesar dos frequentes problemas de saúde dos últimos anos — entre eles de quadril, dores no joelho que o obrigam a se locomover em cadeira de rodas, operações e infecções respiratórias — o argentino Jorge Bergoglio manteve uma agenda cheia e declarou que não tinha intenção de reduzir o ritmo. Os médicos insistem que ele deveria reduzir um pouco suas atividades.
A hospitalização do Papa, a quarta em menos de quatro anos, reacendeu o debate sobre sua saúde, especialmente porque a internação ocorre no início do ano jubilar da Igreja Católica, o que significa uma longa lista de eventos, muitos deles presididos pelo pontífice.
Antes da hospitalização, Francisco pareceu debilitado, com o rosto inchado e a voz entrecortada. Ele delegou em várias ocasiões a seus assistentes a leitura de seus discursos.
Desde sua eleição, o jesuíta sempre deixou aberta a opção de renunciar caso a saúde o impedisse de continuar desempenhando suas funções, como fez o seu antecessor, Bento XVI, o primeiro papa desde a Idade Média a renunciar, alegando problemas de saúde.