Organizações, vários países e a ONU repudiaram, nesta quarta-feira (5), a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tirar a população da Faixa de Gaza e transformá-la em um território gerido pelo governo norte-americano para solucionar o conflito entre o Hamas e Israel.
Trump voltou a propor que os moradores de Gaza, território em ruínas após 15 meses de guerra, migrem para a Jordânia e o Egito, dois países que já expressaram sua oposição.
— Os Estados Unidos vão tomar o controle da Faixa de Gaza — assegurou Trump na terça-feira (4), sugerindo uma "propriedade de longo prazo" para transformar o território na "Riviera do Oriente Médio".
Principais reações
Autoridade Palestina
"O presidente Mahmud Abbas e os líderes palestinos rejeitam energicamente os apelos para tomar o poder da Faixa de Gaza e para tirar os palestinos de sua terra natal", disse o porta-voz da Autoridade Palestina, Nabil Abu Roudeina.
ONU
"Qualquer translado forçado ou deportação de pessoas de um território ocupado está estritamente proibido", disse o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk.
Ele também lembrou que "o direito à autodeterminação é um princípio fundamental do direito internacional e deve ser protegido por todos os Estados".
Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos. O que eles precisam é de uma reparação de tudo aquilo que foi destruído".
Arábia Saudita
"A Arábia Saudita reafirma seu repúdio categórico a qualquer violação dos direitos do povo palestino, seja pela colonização, anexação dos territórios palestinos ou deslocamento forçado de palestinos", manifestou-se o Ministério das Relações Exteriores saudita.
Egito
O ministro egípcio das Relações Exteriores, Badr Abdelatty, insistiu na "importância de avançar rapidamente nos projetos de recuperação (...) sem que os palestinos abandonem a Faixa de Gaza".
Turquia
"A declaração de Trump sobre Gaza é inaceitável", disse o ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan. "Expulsá-los de Gaza é uma questão que nem nós, nem os países da região podemos aceitar", acrescentou, referindo-se aos palestinos residentes no território.
China
"A China sempre apoiou o fato de que um governo palestino dos palestinos era o princípio básico do governo de Gaza no pós-guerra e nos oporemos ao translado forçado dos habitantes de Gaza", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian.
Rússia
Um "acordo no Oriente Médio só pode ser feito sobre a base de dois Estados", um israelense e outro palestino, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
França
"A França se opõe plenamente ao deslocamento de populações", disse a porta-voz do governo francês, Sophie Primas, qualificando as declarações de Trump de "perigosas para a estabilidade e para o processo de paz".
Reino Unido
Os palestinos de Gaza "devem poder retornar a seus lares, devem poder reconstruir e devemos estar com eles nesta reconstrução, no caminho para uma solução de dois Estados", disse o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Alemanha
A Faixa de Gaza "pertence aos palestinos" e "deve", assim como a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, "fazer parte do futuro Estado palestino", disse a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.
Espanha
"Gaza é a terra dos palestinos gazeus, os gazeus palestinos devem permanecer em Gaza. Gaza faz parte do futuro Estado palestino no qual a Espanha aposta", disse o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares.
Austrália
O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, disse nesta quarta que o país apoia há muito tempo a solução de dois Estados no Oriente Médio e que não houve mudança no posicionamento. A Austrália é um dos mais importantes aliados dos Estados Unidos na região da Ásia-Pacífico.
Políticos nos EUA
Nos Estados Unidos, políticos de oposição atacaram a sugestão de Trump. O senador democrata Chris Coons (Delaware) disse que as declarações de Trump são "ofensivas e insanas e perigosas e tolas".
A deputada democrata Rashida Tlaib (Michigan) acusou Trump de promover a ideia de "limpeza étnica" ao sugerir o reassentamento de toda a população de Gaza.