O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou, nesta sexta-feira (7), que a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre uma possível anexação do Canadá para explorar seus recursos naturais "é real". Além disso, reiterou que a soberania de seu país é inegociável.
A declaração de Trudeau foi realizada em uma cúpula econômica convocada por ele com líderes empresariais e trabalhistas para coordenar uma resposta à ameaça iminente de Trump de impor tarifas de 25% sobre todas as importações vindas do Canadá, uma sanção que poderia paralisar a economia canadense.
Na segunda (3), ele anunciou um acordo para suspender o início da aplicação das taxas com a promessa de reforçar a fronteira entre os dois países.
Em comentários feitos a portas fechadas, Trudeau disse a um grupo de executivos que, para Trump, a possibilidade de "absorver o Canadá" é "real", segundo relatos da mídia canadense.
— Sugiro que a administração Trump não só sabe quantos minerais críticos temos, mas que essa pode ser a razão pela qual continuam falando em nos absorver e nos transformar no "Estado número 51" dos Estados Unidos — disse ele.
Os comentários, feitos depois que a imprensa saiu da sala, foram reproduzidos por um alto-falante fora do salão e ouvidos pelo Toronto Star e pela emissora pública CBC.
— Estão muito cientes dos nossos recursos, do que temos e querem poder se beneficiar deles. Trump tem em mente que uma das maneiras mais fáceis de fazer isso é absorvendo o nosso país — completou.
Quando perguntado sobre os comentários de Trudeau à margem da cúpula, e se Ottawa se preocupa com a ameaça de Trump, o ministro da Indústria, Francois-Philippe Champagne, disse à AFP que "ninguém pode questionar a soberania do Canadá".
— Nossos amigos americanos entendem que precisam do Canadá para sua segurança econômica, precisam do Canadá para sua segurança energética e precisam do Canadá para sua segurança nacional — afirmou.
A ministra do Comércio, Anita Anand, disse, por sua vez, que o Canadá está decidido a resistir a qualquer expansionismo dos Estados Unidos.
Trump costuma se referir ao Canadá como o "Estado 51" e tem rebaixado Trudeau ao chamá-lo de "governador" em vez de primeiro-ministro.
As tarifas deveriam ter entrado em vigor na terça, mas o presidente dos Estados Unidos concedeu ao Canadá um adiamento de 30 dias para continuar negociando.
Trump afirma que as tarifas são necessárias para forçar o Canadá a agir sobre o fluxo de drogas como o fentanil e migrantes, mas também se queixou dos déficits comerciais.
Em seus comentários, Trudeau disse que Ottawa continuaria trabalhando para resolver as preocupações de Trump sobre fentanil e migrantes, embora o Canadá não contribua para nenhum desses problemas nos Estados Unidos.