O governo de Donald Trump revogou, nesta quarta-feira (29), uma extensão do Status de Proteção Temporária (TPS) para venezuelanos determinada pelo ex-presidente Joe Biden pouco antes de deixar o cargo. A medida permitia que mais de 600 mil pessoas vivessem e trabalhassem nos Estados Unidos.
— O povo deste país quer esses sacos de lixo fora. Eles querem que suas comunidades estejam seguras — disse a secretária do Departamento de Segurança Interna (DHS), Kristi Noem, ao anunciar a decisão no canal de televisão norte-americano Fox News.
Segundo ela, foi assinada uma ordem executada revogando a medida assinada por Alejandro Mayorkas, ocupante anterior do cargo.
— Supunha que poderiam ficar aqui e violar nossas leis por mais 18 meses — disse Kristi, afirmando ainda que o processo será seguido e os indivíduos serão avaliados.
Em 10 de janeiro, dia da posse presidencial de Nicolás Maduro em Caracas, a administração democrata prolongou o TPS por 18 meses para os venezuelanos, de 3 de abril de 2025 a 2 de outubro de 2026, "devido à grave emergência humanitária que o país continua enfrentando devido às crises políticas e econômicas sob o regime desumano" do governante chavista.
O que é o TPS
O Status de Proteção Temporária é um programa estabelecido pelo Congresso para cidadãos estrangeiros que não podem retornar de forma segura ao seu país devido a desastres naturais, conflitos armados ou outras condições extraordinárias.
De acordo com o Pew Research Center, havia 1,2 milhão de pessoas elegíveis para o TPS ou que já haviam se beneficiado do programa até março de 2024, sendo os venezuelanos o grupo mais numeroso.
Emergência nacional declarada
Assim que assumiu o cargo, há pouco mais de uma semana, Trump declarou emergência nacional na fronteira com o México e começou a revogar o legado de Biden em todos os setores com uma série de decretos.
O republicano acabou com a permissão de permanência temporária concedida a migrantes de Venezuela, Cuba, Haiti e Nicarágua que tenham um patrocinador nos Estados Unidos, além de desativar o aplicativo CBP One, que permitia agendar uma entrevista com as autoridades para entrar legalmente.
Trump também reativou o programa "Fique no México", implementado em seu primeiro mandato (2017-2021), no âmbito do qual os migrantes aguardam o desfecho do processo migratório do outro lado da fronteira.
O republicano ordenou operações de busca de migrantes, alguns dos quais foram enviados algemados em aeronaves militares, o que gerou tensões diplomáticas com vários países, como Brasil e Colômbia.
Retórica anti-imigração
Trump prometeu expulsar primeiro os migrantes em situação irregular com antecedentes criminais, mas na terça, em sua primeira coletiva de imprensa na Casa Branca, a porta-voz Karoline Leavitt afirmou que o governo considera "criminoso" qualquer pessoa que tenha entrado "ilegalmente nos Estados Unidos".
Muitos desses migrantes são latino-americanos que fugiram da pobreza e da violência. As organizações de defesa dos migrantes e os democratas protestaram, mas Noem os acusa de querer proteger as gangues.
Estatísticas oficiais do FBI indicam que os crimes violentos diminuíram nos Estados Unidos.