Um novo grupo de reféns israelenses foi libertado neste sábado (25) pelo grupo extremista Hamas. Quatro mulheres voltaram para Israel: as soldados Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag, com idades entre 19 e 20 anos.
A soltura faz parte de mais uma etapa do acordo de cessar-fogo.
Militantes do Hamas entregaram as mulheres à Cruz Vermelha na Praça Palestina, na cidade de Gaza, pouco depois das 11h (horário local). As quatro militares foram levadas até um palco e acenaram e sorriram antes de serem levadas para os veículos da Cruz Vermelha. Elas deixaram o território e foram entregues a autoridades israelenes.
O governo de Israel informou que as quatro militares libertadas estão em condições físicas relativamente boas.
Todas foram levadas em 7 de outubro de 2023 por combatentes do Hamas da base do Exército israelense de Nahal Oz, enquanto cumpriam o serviço militar na fronteira com a Faixa de Gaza.
Outras três soldados foram sequestradas com elas: Agam Berger, que permanece na Faixa de Gaza; Noa Marciano, cujo corpo foi repatriado; e Ori Megidish, libertada pelo Exército em outubro de 2023.
Quem são as reféns libertadas
Liri Albag, 19 anos
Liri tinha 18 anos quando foi sequestrada. Conforme relatado pelo The Jerusalem Post, ela conseguiu passar mensagens para familiares por meio de reféns libertados, nas quais pediu à sua irmã Shai que não cancelasse a viagem tradicional após o serviço militar, uma tradição israelense, e que não mexesse em seus sapatos preferidos.
Segundo depoimentos de ex-reféns, Liri foi obrigada a cozinhar, limpar e cuidar dos filhos de seus sequestradores. Ela apareceu neste mês em um vídeo de mais de três minutos divulgado pelo Hamas.
Os pais de Liri são muito ativos na mobilização para pedir a libertação dos reféns.
Karina Ariev, 20 anos
Pouco antes do seu sequestro, Karina Ariev, então com 19 anos, estava ao telefone com seus pais, enquanto choviam foguetes e os militantes atacavam a base. O contato foi encerrado às 7h40min.
— Ela nos pediu que seguissemos com nossas vidas (caso ela morresse) — contou sua irmã Sasha à revista Time. Segundo o Fórum de Famílias de Reféns, Karina sonha em ser psicóloga.
O vídeo do sequestro mostra que a jovem ficou ferida na ação. Em janeiro de 2024, ela apareceu em um vídeo publicado pelo Hamas na rede social Telegram, ao lado de Daniella Gilboa.
Daniella Gilboa, 20 anos
Na manhã de 7 de outubro de 2023, Daniella, então com 19 anos, estava em contato com pessoas próximas e enviava vídeos para o namorado. Graças à roupa que vestia na ocasião, ela pôde ser identificada posteriormente em vídeos do Hamas.
Natural de Petah Tikva, perto de Tel Aviv, a jovem é "uma musicista apaixonada, que estuda piano e canto" e que caminhava para uma carreira musical, segundo o Fórum das Famílias.
Naama Levy, 20 anos
No vídeo do seu sequestro, Naama Levy, então com 19 anos, é escoltada até um veículo vestindo calças que parecem estar manchadas de sangue. Neta de sobreviventes de campos de concentração, a soldado aparece em outras imagens com o rosto inchado.
Segundo um site criado por parentes de Naama – segunda de quatro filhos e praticante de triatlo –, ela cresceu na Índia, onde estudou em uma escola americana. Quando criança, participou do programa Hands of Peace, que promove o diálogo entre jovens israelenses e palestinos.
Termos não cumpridos
Autoridades israelenses acusaram o grupo extremista de não cumprir um acordo pré-estabelecido no cessar-fogo, que previa a libertação de civis israelenses antes de militares.
Conforme o The New York Times, o acordo indicava que todas as mulheres civis fossem libertadas primeiro pelo Hamas. Este foi o pedido de Israel e que o país alega não ter sido cumprido, frente à libertação de quatro militares neste sábado.
Em resposta, o governo de Israel afirma que não vai permitir que civis palestinos voltem a viver no norte da Faixa de Gaza, região controlada pelo exército israelense e principal foco dos ataques.
Cessar-fogo
As negociações foram intermediadas por Catar, Estados Unidos e Egito. A previsão é de que a interrupção no conflito armado na Faixa de Gaza dure seis semanas (42 dias).
Neste período, 33 israelenses sequestrados no ataque de 7 de outubro de 2023 devem ser libertados, com prioridade para crianças, mulheres, idosos e feridos. Israel, por sua vez, interrompe os ataques no território palestino e solta cerca de 2 mil prisioneiros.
O acordo prevê que entre três e quatro reféns mantidos pelo Hamas sejam libertados a cada semana. A cada pessoa entregue, Israel vai soltar de 30 a 50 palestinos presos no país.
As primeiras três reféns que voltaram para Israel — Emily Damari, 28 anos; Romi Gonen, 24; e Doron Steinbrecher, 31 — foram recebidas por familiares. Do lado palestino, moradores comemoraram a volta para casa, ainda que em um cenário de ruínas.