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Um novo grupo de reféns israelenses deve ser libertado neste sábado (25), em mais uma etapa do acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas. A lista de quatro mulheres é composta pelas soldados Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag, com idades entre 19 e 20 anos. Os nomes foram confirmados por Abu Ubaida, porta-voz das Brigadas Izzeldeen al-Qassam, subordinadas ao Hamas.
O gabinete de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, confirmou ter recebido a lista de reféns, mas não deu detalhes de como será a libertação. Em troca, Israel pode soltar até 250 prisioneiros palestinos.
O Fórum das Famílias dos Reféns, um grupo que representa os parentes das pessoas capturadas pelo Hamas, saudou o que chamou de "boas notícias".
"Uma nação inteira lutou por eles e aguarda ansiosamente o seu tão esperado regresso aos braços das suas famílias. Temos o dever sagrado e o direito moral de devolver todos os nossos irmãos e irmãs para casa. Não desistiremos e não pararemos em nenhum momento, até que todos os raptados regressem à casa no âmbito do atual acordo, até o último", disse a entidade, em nota nas redes sociais.
Se executada conforme o previsto, esta será a segunda libertação desde a assinatura do cessar-fogo. No domingo (19), o Hamas entregou três reféns israelenses em troca de 90 prisioneiros palestinos.
Outra ação negociada inclui o retorno de moradores do norte da Faixa de Gaza a seus locais de origem, mas sem o porte de armas. Um dos espaços ocupados por forças israelenses em Gaza, o corredor Netzarim, deve ser liberado.
Existe a previsão de que a passagem de Rafah, ao sul, entre o território palestino e o Egito, volte a funcionar de forma gradual. Isso permite a circulação de pessoas doentes para fora da região, além do ingresso de ajuda humanitária.
O cessar-fogo
As negociações foram intermediadas por Catar, Estados Unidos e Egito. A previsão é de que a interrupção no conflito armado na Faixa de Gaza dure seis semanas (42 dias). Neste período, 33 israelenses sequestrados no ataque terrorista de 7 de outubro de 2023 devem ser libertados, com prioridade para crianças, mulheres, idosos e feridos. Israel, por sua vez, interrompe os ataques no território palestino e solta cerca de 2 mil prisioneiros.
O acordo prevê que entre três e quatro reféns mantidos pelo Hamas sejam libertados a cada semana. A cada pessoa entregue, Israel vai soltar de 30 a 50 palestinos presos no país.
As primeiras três reféns que voltaram para Israel — Emily Damari, 28 anos; Romi Gonen, 24; e Doron Steinbrecher, 31 — foram recebidas por familiares. Do lado palestino, moradores comemoraram a volta para casa, ainda que em um cenário de ruínas.
Fora do acordo de cessar-fogo, na terça-feira (21), o território da Cisjordânia foi alvo de uma operação militar israelense. Segundo o governo de Benjamin Netanyahu, o objetivo da operação é erradicar o terrorismo.
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Na mesma data, o comandante do Exército de Israel, Harzi Halevi, anunciou que deixará o cargo em março, assumindo o "fracasso" das forças armadas durante os ataques de 7 de outubro de 2023.
Donald Trump
Na quinta (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atribuiu a assinatura do acordo à participação de sua equipe nas negociações. A declaração foi dada em Davos, na Suíça, onde o republicano participa do Fórum Econômico Mundial.
— Antes mesmo de assumir o cargo, a minha equipe negociou um acordo de cessar-fogo no Oriente Médio, o que não teria acontecido sem nós – disse Trump.
Logo após tomar posse, na segunda (20), o presidente americano rescindiu as sanções impostas pelo governo Biden a dezenas de indivíduos israelenses de extrema direita e grupos de colonos acusados de violência contra palestinos e de confisco ou destruição de propriedades palestinas.
Próximas fases
Ao longo das seis semanas da primeira fase do cessar-fogo, Israel e Hamas vão negociar as etapas seguintes do acordo. Existe a possibilidade da libertação de mais reféns — estima-se que cem pessoas sigam sob cárcere dos terroristas. Já as forças israelenses deixariam a Faixa de Gaza.
A última fase, que incluiria o fim do conflito, é a mais distante. Ela prevê a reconstrução de Gaza, a definição de como será o governo na região — Israel não aceita que seja do Hamas —, e a devolução dos corpos dos reféns mortos.