A cidade de Aguas Blancas, no norte da Argentina, lançou nesta segunda-feira (27) uma licitação para instalar uma cerca de 200 metros em sua fronteira com a Bolívia, com o objetivo de conter travessias ilegais de pessoas e contrabando, o que gerou "preocupação" no país vizinho.
— Foi solicitada a construção de uma cerca linear [...] para evitar que as pessoas cheguem à cidade sem passar pela migração — disse Adrián Zigaran, interventor da cidade de Aguas Blancas, na província de Salta, à Radio Mitre.
Zigaran está substituindo o prefeito enquanto o titular enfrenta uma acusação por obstrução de uma investigação criminal. A declaração confirmou um anúncio que ele já havia feito na sexta (24) em diálogo com o portal local Nuevo Diario de Salta, e que provocou reações da diplomacia boliviana.
Em comunicado emitido no domingo, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia expressou "preocupação" pelo anúncio e frisou que os temas fronteiriços devem ser tratados por mecanismos de diálogo bilaterais, pois "qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica entre povos irmãos".
A construção da cerca se insere no "Plano Güemes", que o governo do presidente argentino, Javier Milei, lançou em dezembro do ano passado para "combater os crimes federais" como o tráfico de drogas na fronteira de Salta (norte), focado nas duas cidades fronteiriças mais importantes, Aguas Blancas e Orán, situadas a cerca de 1,6 mil quilômetros de Buenos Aires.
Com 2,5 metros de altura, a grade será instalada no trajeto entre o escritório de migração e o terminal de ônibus, que está em frente à praia do Rio Bermejo, a fronteira natural entre Argentina e Bolívia. No local, segundo Zigaran, pessoas atravessam de forma ilegal.
O Rio Bermejo está dentro da chamada "Rota da droga", segundo o Ministério da Segurança argentino. Mas também é usado por argentinos que compram produtos mais baratos no lado boliviano e depois retornam à Argentina.
Segundo Zigarán, eletrodomésticos passam pela fronteira e prejudicam o comércio local.
— A verdade é que estão rompendo o tecido comercial de Orán e do norte argentino com esse descontrole de importação de mercadoria ilegal — assinalou Zigarán.