O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou, nesta quarta-feira (8), como desastre de grandes proporções os incêndios que atingem a região de Los Angeles, na Califórnia, ao longo desta semana. Uma quinta morte também foi confirmada por autoridades.
Os óbitos foram registrados em Eaton, en Altadena, um subúrbio ao norte de Los Angeles, onde as chamas já consumiram mais de 4.280 hectares.
— Estou rezando para que não encontremos mais, mas não creio que seja o caso — disse o xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, em entrevista a uma rádio local.
O decreto de Biden permite que o Estado e as comunidades impactadas acessem imediatamente fundos e recursos para o combate aos incêndios e para a recuperação. Além disso, a administração colocou à disposição novos combatentes e equipamentos.
Múltiplos incêndios foram registrados na região, afetada por poderosos ventos nas últimas 24 horas. O primeiro deles iniciou na manhã de terça-feira (7) no Pacific Palisades, um luxuoso subúrbio de Los Angeles, rodeado por celebridades e estrelas de de Hollywood.
As chamas queimaram mais de 1 mil estruturas e cerca de 6.390 hectares, informaram as autoridades.
Dezenas de milhares de pessoas estão sob ordens de evacuação e milhares de edifícios foram engolidos por chamas perigosas desde o início da semana.
Centenas de bombeiros tiveram de lidar com problemas de abastecimento para combate às chamas.
No subúrbio de Pacific Palisades, por exemplo, os enormes tanques que forneciam água à região secaram durante a noite, enquanto dezenas de mangueiras sugavam o recurso, num esforço quase infrutífero para salvar casas no incêndio que carbonizou mais de mil estruturas.
Problemas no fornecimento de energia elétrica
Outros dois incêndios eclodiram ao redor de Los Angeles, colocando outras milhares de pessoas sob ordens de evacuação.
"Juntos, esses incêndios estão levando os serviços de emergência ao limite", disse Kristin Cowley, do departamento de bombeiros da cidade.
Cowley detalhou que há vários civis feridos, bem como efetivos dos bombeiros. Mais de 1,5 milhão de pessoas estão sem energia elétrica no sul da Califórnia, o que dificulta a comunicação.
A cidade amanheceu com aspecto apocalíptico, coberta por nuvens cinza e alaranjadas, além de árvores caídas e várias de suas palmeiras características quebradas devido à força dos ventos.
O avanço do fogo provocou cenas de pânico em várias comunidades da costa californiana. Várias escolas foram fechadas e importantes vias da cidade estão bloqueadas.
Algumas árvores do Getty Villa, um dos maiores centros de arte do mundo, pegaram fogo devido à proximidade das chamas. No entanto, a instituição "permanecerá segura e intacta", de acordo com um comunicado emitido na manhã desta quarta-feira.
Situação extremamente crítica
Os incêndios começaram em um ambiente de baixa umidade e justo quando os chamados ventos de Santa Ana, característicos nesta temporada do ano na Califórnia, avançam com força na região.
As autoridades advertiram que a situação está longe de melhorar. Os ventos sopram com força na região e atingem entre 70 km/h e 145 km/h.
Os incêndios são frequentes no oeste dos Estados Unidos e desempenham um papel importante no ciclo da natureza.
Contudo, a alteração dos padrões climáticos devido à mudança climática causada pela ação humana derivou em condições extremas elevando a intensidade desse tipo de incidente.
A Califórnia vem de dois invernos consideravelmente úmidos, o que favoreceu o crescimento da vegetação, que serve de combustível para os incêndios. Já este inverno tem estado seco.
O meteorologista Daniel Swain explicou que, embora os ventos tenham alcançado uma magnitude muito poderosa, "o que é sem precedentes é a seca".
— A falta de chuva, o calor anômalo e a seca que vimos nos últimos seis meses é algo que não temos registrado desde os anos de 1800 — comentou.
Devido à situação dramática enfrentada pela Califórnia, Estados vizinhos enviaram reforços para combater o fogo, e o governo federal aprovou recursos.
Mas os cientistas alertam que a mudança climática, causada pela ação humana, altera os padrões e cria climas extremos, com secas mais prolongadas e intensas e incêndios mais vorazes, que se propagam mais rapidamente.