O avião KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou por volta das 21h deste sábado (25) no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, trazendo um grupo de brasileiros deportados pelo governo dos Estados Unidos.
O voo partiu de Manaus à tarde, onde o grupo de 88 pessoas estava desde a noite passada quando o avião do governo americano que os trazia para o Brasil precisou de manutenção, interrompendo a a viagem.
Inicialmente, a parada em Manaus seria apenas uma conexão durante a viagem, que terminaria em Belo Horizonte, ainda na noite de sexta-feira (24). Entretanto, o voo para a capital mineira foi cancelado em razão de falhas na aeronave, e a FAB foi solicitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para finalizar o trajeto. Os brasileiros festejaram ao saber que seriam transportados pela FAB.
O governo americano pretendia enviar outro avião para concluir a viagem, mas o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, não aceitou em razão da forma como os deportados eram transportados, com uso de correntes e algemas. Por estarem em território brasileiro, no qual não são considerados criminosos, os passageiros não podem permanecer sob custódia, sendo a questão tratada como de soberania nacional.
"O Ministério da Justiça e Segurança Pública enfatiza que a dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valores inegociáveis", diz nota do governo. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, estava no terminal de Belo Horizonte para receber os brasileiros.
O voo de deportação para o Brasil, embora seja o primeiro desde que Donald Trump assumiu impondo políticas mais rígidas contra imigração, é parte de um processo que vinha correndo antes da posse do republicano, durante a administração Joe Biden.
Espera em Manaus
Durante a inesperada espera na capital amazonense, deportados brasileiros receberam atendimento médico, alimentação e água. Também foram oferecidos colchões para que as pessoas pudessem descansar.
Ao g1, a secretária estadual de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Jussara Pedrosa, afirmou que a principal demanda dos passageiros é o atendimento digno.
O Corpo de Bombeiros do Amazonas também prestou apoio durante a operação, com serviços de enfermagem.
— Alguns passageiros já possuem algumas patologias e precisam de acompanhamento do uso de medicação, então estamos identificando esses pacientes para que eles possam receber assistência — disse o tenente Éverton Augusto ao portal de notícias.