Grupos de defesa dos direitos humanos e ativistas pediram a abertura de uma investigação ou a destituição do ministro sírio da Justiça depois que vídeos relacionados à execução sumária de duas mulheres acusadas de prostituição foram divulgados.
As novas autoridades lideradas pelo grupo islamista Hayat Tahrir Al Sham (HTS) nomearam Shadi Al Waisi como ministro após assumirem o poder em Damasco em 8 de dezembro.
Em um dos vídeos, homens armados pedem a uma mulher com véu acusada de "prostituição" que se ajoelhe antes de ser executada. Um homem que parece ser o atual ministro da Justiça grava a cena com seu celular.
Em outro vídeo, vê-se o mesmo homem pronunciando uma sentença de morte contra uma mulher por "prostituição", e um combatente ao seu lado dispara contra a cabeça dela.
O diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, afirmou nesta quarta-feira (8) à AFP que os vídeos eram de 2015, no auge da guerra civil.
Também confirmou que o homem que aparece nos vídeos é Shadi Al Waisi, que na época era juiz religioso do Frente Al Nusra, antes da sua separação da Al Qaeda.
A plataforma de verificação online Verify Syria citou um "alto funcionário" que teria confirmado que Al Waisi é o homem dos vídeos e que na época era juiz na região rebelde de Idlib.
O funcionário acrescentou que as execuções foram realizadas "de acordo com as leis vigentes na época" e refletiam "uma época passada".
Um representante do Ministério da Justiça se recusou a comentar o caso quando questionado pela AFP. Já grupos de defesa dos direitos humanos ouvidos pela AFP expressaram suas preocupações.
A aparente implicação de Al Waisi nas execuções "levanta questões complexas sobre responsabilização e justiça", apontou Hiba Zayadin, da ONG Human Rights Watch.
Ela condenou "execuções extrajudiciais de acordo com as normas internacionais de direitos humanos" e pediu "uma investigação independente e transparente".
Mohammad Al Abdallah, do Centro Sírio para Justiça e Prestação de Contas (SJAC), pediu a destituição de Al Waisi e qualificou como "escandalosa" sua nomeação para o cargo de ministro da Justiça.
* AFP