O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta quarta-feira (31), elogios ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O americano desistiu de concorrer à reeleição e decidiu apoiar sua vice, Kamala Harris, para disputar o cargo contra Donald Trump. Biden vinha sendo pressionado para deixar a corrida eleitoral porque suas chances contra Trump eram vistas como reduzidas.
Lula mencionou a conversa que teve com Joe Biden por telefone na terça-feira (30), na qual o principal assunto foi a eleição venezuelana. O brasileiro teria dito a Biden que gostaria de expressar o que pensa sobre a desistência da candidatura.
— Um homem para tomar a atitude que o Biden tomou, de desistir de ser candidato a poucos meses da eleição, em função de algum problema que só ele sabe o que tem, não sou eu, é preciso ter muito caráter, muita dignidade, ser muito ético e gostar muito de seu povo. Foi o que ele fez. E isso é um modelo, exemplo de todo mundo que governa —disse o chefe do governo brasileiro.
O presidente mencionou a ligação através de suas redes sociais e portais do governo federal.
Lula deu as declarações em Corumbá (MS), onde participou da cerimônia de sanção da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. Ele ainda terá compromissos em Várzea Grande (MT) antes de retornar a Brasília. A volta do presidente da República para a capital está marcada para a noite desta quarta-feira (31).
Ao se manifestar pela primeira vez sobre a desistência de Joe Biden, Lula reafirmou o seu respeito pelo presidente democrata, mas destacou a parceria entre Brasil e Estados Unidos como estratégica e disse que a relação se manterá "com quem for eleito".
No mesmo dia, em entrevista à imprensa internacional, ele pediu por eleições civilizadas nos Estados Unidos.
— Espero que a disputa se dê da forma mais civilizada possível, espero que não tenha baixo nível, espero que não tenha nada que possa colocar o símbolo da democracia em risco.
Lula diz que Biden é "garantia de respeito à democracia"
Antes disso, ele havia expressado apoio à candidatura do presidente americano que buscava reeleição.
— Eu sou simpático ao Biden. Acho que o Biden é a certeza de que os EUA vão continuar respeitando a democracia. Como democrata, estou torcendo para que o Biden saia vitorioso. Se o Biden ganhar, já conheço o Biden e tenho uma relação sólida com os Estados Unidos, pretendo manter — disse à rádio Itatiaia horas antes do debate que abriu a crise na campanha.
Em oposição, ele afirmou que Donald Trump seria imprevisível.
— Se o Trump ganhar, a gente não sabe o que ele vai fazer. Sinceramente, a gente não tem noção do que ele vai fazer. Porque ele fala muito. Chegou a dizer que se algum país quiser escapar do dólar como moeda de referência comercial ele vai punir o país. Ele não é presidente do mundo — continuou Lula, que defende alternativas à moeda americana para transações entre países do chamado "Sul Global" em blocos como Mercosul e Brics.
Após o debate, no entanto, o presidente passou a ter a sua aptidão ao cargo questionada. Lula então disse que do outro lado havia "um cidadão mentiroso", mas que o debate expôs as fragilidades de Biden e que ele deveria avaliar as condições.
— Eu acho que o Biden tem um problema. Ele está andando mais lentamente, está demorando mais para responder as coisas. Mas quem sabe da condição do Biden é o Biden. Ele que sabe — disse em entrevista à rádio Princesa, da Bahia