Entidades representantes das comunidades israelense e palestina no Brasil acompanham com preocupação o desenrolar do novo conflito que estremece o Oriente Médio, provocado pela invasão do grupo terrorista Hamas ao território de Israel, no sábado (7), e pela reação do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. A Federação Israelita do Rio Grande do Sul (Firs) e a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) divergem sobre as causas da guerra, mas demonstram apreensão com a escalada da violência e a morte de civis.
Presidente da Firs, Márcio Chachamovich diz que recebeu as primeiras informações com perplexidade e que a comunidade está muito preocupada com os desdobramentos do combate.
— Entendo que Israel fará retaliação como defesa, porque tem o direito legítimo de se defender e proteger o seu povo. As cenas que vemos pela televisão são chocantes — diz o dirigente, acrescentando que houve massacre de civis e que não é possível compactuar com grupos terroristas que assassinam jovens em uma festa.
A federação diz acompanhar a situação a distância e orientar os gaúchos que fazem contato. Ao mesmo tempo, a Firs encaminhou ofício ao Palácio Piratini solicitando atenção do poder público a locais considerados sensíveis no atual contexto. Procurado pela reportagem, o governo não confirmou nenhuma ação específica de segurança para áreas de sinagogas e mesquitas no RS.
Para o presidente da Fepal, Ualid Rabah, o conflito iniciado no sábado responde a um "recrudescimento da posição de Israel" contra o povo palestino, diante de guinada "absurdamente extremista" no comando do país. O dirigente afirma que o conflito é um processo continuado ao longo dos últimos 75 anos na região. Na sua avaliação, os ataques são ações de resistência contra a "opressão israelense". Entre os fatores, ele critica a recusa do governo de Netanyahu de retirar as colônias de territórios considerados palestinos e de manter bloqueio a Gaza.
— Há negação dos direitos civis e humanitários do povo palestino e recusa de reconhecer um Estado palestino, de cumprir os acordos de Oslo e de implementar resoluções da ONU.
O representante diz que a Fepal e o governo do Brasil têm mantido contato com os brasileiros que estão na região e que "estão todos apavorados". Segundo estimativa do Itamaraty, 14 mil brasileiros vivem em Israel e 6 mil, na Palestina.