
Os resultados divulgados pela agência estatal Anadolu indicam que Recep Tayyip Erdogan foi reeleito presidente da Turquia neste domingo (28). Com 98,94% das urnas apuradas, ele lidera o pleito com 52,07%, enquanto Kemal Kilicdaroglu teve 47,93%.
Aos 69 anos, Erdogan governa o país desde 2003 e, com a vitória, abre um novo mandato de cinco anos, até 2028. O comparecimento às urnas foi de 85%. O presidente turco declarou sua própria vitória em discurso à nação na noite deste domingo.
— Nossa nação nos confiou a responsabilidade de governar o país pelos próximos cinco anos. — declarou o eleito, cercado de apoiadores, em pronunciamento na noite deste domingo. Cumpriremos todas as nossas promessas. (...) Estas eleições mostraram que ninguém pode atacar as conquistas desta nação — disse.
A eleição na Turquia
Erdogan chegou como favorito no segundo turno. Ele venceu a primeira votação, realizada em em 14 de maio, com 49,5% dos votos, contra 45% de seu rival.
Vitorioso nas urnas três vezes como premiê e outras duas como presidente, após promover mudanças nas regras eleitorais e na constituição turca, Erdogan enfrentou a disputa mais acirrada de sua história política. Esta foi a primeira vez que uma eleição presidencial foi para o segundo turno no país.
Seu rival, Kiliçdaroglu, é presidente do Partido Republicano do Povo e liderou uma coalizão de partidos que vai da direita nacionalista à centro-esquerda liberal e foi apoiada pelo partido pró-curdo HDP. O político de 74 anos escalou as pesquisas com a promessa de romper com a era Erdogan, a qual ele classifica como autoritária.
Parte do eleitorado tinha um desejo de mudança, após 20 anos de governo Erdogan. Ele também foi enfraquecido pelo aumento da inflação, que em outubro de 2022 chegou a 85%. Fora isso, há denúncias das restrições de liberdades, com dezenas de milhares de opositores presos ou exilados no país.
Trajetória de Erdogan
Presidente mais longevo desde a queda do Império Otomano, Erdogan representa uma Turquia muçulmana, conservadora e orgulhosa de seu passado. No começo do século, herdou o segundo país mais populoso da Europa castigado por uma inflação crônica e taxas de juros estratosféricas. Ele tinha 49 anos e misturava um populismo nacionalista com um tempero religioso.
Em 20 anos, deu tempo de domar a inflação, vislumbrar um lapso de prosperidade e sonhar com a Europa. Com tantos anos de poder, porém, Erdogan foi perdendo capital político: recentemente, o custo de vida voltou a disparar, a insatisfação popular aumentou e a Turquia acordou do sonho europeu com o barulho de bombas no quintal: um conflito civil ao sul, na Síria, e uma guerra de verdade do outro lado do Mar Negro, na Ucrânia.
O sultanato de Erdogan viveu momentos de tensão. Em 2013, um movimento popular se espalhou pela Turquia - parte de uma onda global de insatisfação que varreu o mundo islâmico e chegou até o Brasil. O governo se manteve firme, resistindo aos protestos na Praça Taksim, em Istambul, reprimidos com violência pela polícia.
Presidente Lula saudou vitória de Erdogan
Em publicação no Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimentou o presidente reeleito na Turquia e colocou o Brasil a disposição para parcerias.