O Ministério Público de Paris anunciou nesta quinta-feira (27) que vai apresentar recurso contra a absolvição da Airbus e da Air France no caso do acidente do voo Rio-Paris, que matou 228 pessoas em junho de 2009.
Ao recorrer da decisão, o MP busca o "pleno efeito aos recursos previstos na lei" e "submeter o caso a uma segunda instância de jurisdição", afirmou a instituição em um comunicado.
As duas empresas foram julgadas por homicídios culposos. Em 17 de abril um tribunal de Paris absolveu a companhia aérea e a fabricante de aviões de qualquer responsabilidade criminal, por considerar que, embora tenham cometido "falhas", não foi possível demonstrar "nenhuma relação de causalidade" segura com o acidente. A decisão provocou a indignação dos parentes das vítimas da tragédia.
— É um grande alívio. Este recurso do Ministério Público era a última oportunidade para as famílias das vítimas — avaliou Alain Jakubowicz, advogado da associação "Entraide et Solidarité", que representa as famílias das vítimas.
Ao final do julgamento, que aconteceu de 10 de outubro a 8 de dezembro, a Promotoria do Tribunal Judicial de Paris pediu a absolvição das empresas, considerando que era "impossível provar" a culpa.
Jakubowicz celebrou a "decisão incomum" de uma apelação, depois que o MP pediu a absolvição das duas empresas durante o julgamento.
— Acontecerá um novo julgamento e a determinação das famílias será ainda maior. Isto nos dá muita esperança — declarou o advogado.
Simon Ndiaye, advogado da Airbus, não comentou a notícia. E a reportagem da AFP não conseguiu contato com o advogado da Air France, François Saint-Pierre, até esta publicação.
Em 1º de junho de 2009, o avião que operava o voo AF447 entre Rio de Janeiro e Paris caiu no meio da noite enquanto sobrevoava o Oceano Atlântico, poucas horas após a decolagem. A bordo do avião, um A330, estavam 216 passageiros de 33 nacionalidades, incluindo 61 franceses e 58 brasileiros. A tripulação de 12 pessoas era formada por 11 franceses e um brasileiro.