A poucos quilômetros da União Europeia (UE), as forças especiais de Belarus, a única aliada da Rússia na guerra contra a Ucrânia, treinam para estar "preparadas" para qualquer surpresa.
Durante o treinamento, os soldados correm de um lado para o outro, envoltos em fumaça branca, e disparam armas automáticas.
Um pouco mais adiante, alguns paraquedistas praticam a aterrissagem, enquanto outros andam sobre uma corda esticada diante dos olhares de um grupo de jornalistas, entre eles uma equipe da AFP, convidados por este país onde a presença da imprensa ocidental é raramente autorizada.
Belarus, governada por Alexander Lukashenko desde 1994, está sujeita a sanções europeias e americanas pela repressão à oposição e por ter cedido o seu território às forças russas no início da sua ofensiva contra a Ucrânia, lançada a 24 de fevereiro de 2022.
O presidente bielorrusso repete incansavelmente que seu exército, formado por cerca de 70 mil soldados, não vai lutar em território ucraniano. Mas há meses cresce a preocupação de que suas forças acabem entrando no campo de batalha, no calor de uma nova ofensiva de Moscou.
Especialmente quando um número desconhecido, mas significativo, de soldados russos ainda está presente em Belarus.
A apenas quatro quilômetros da fronteira com a Polônia, membro da UE e da Otan, homens da 38ª brigada treinam sob um retrato do presidente Lukashenko em uniforme de gala.
A faixa é acompanhada por uma de suas frases mais famosas: "Hoje não há tarefa mais importante do que defender o que foi conquistado, nosso povo e nossa terra".
"Estamos preparados para cumprir todas as tarefas, mesmo as mais difíceis", disse à AFP Vadim Lukashevich, vice-comandante das forças especiais de Belarus, evitando cuidadosamente referir-se ao conflito na Ucrânia, a apenas 50 quilômetros de distância.
"A situação é estável", acrescenta o oficial, "mas estamos nos preparando porque devemos estar prontos para cumprir nossa missão em condições altamente mutáveis".
- "Se nos atacarem" -
Lukashenko nega regularmente que entrará na guerra com a Ucrânia, e tanto ele quanto seu homólogo russo, Vladimir Putin, negam a intenção de querer fundir os dois países, outro rumor recorrente.
No entanto, Lukashenko é um nostálgico da época soviética. Nos últimos meses, multiplicou discursos marciais, jurou lealdade a Moscou e acusou os ocidentais de querer derrubá-lo e preparar um ataque contra a Rússia.
Ficou para trás o tempo em que o presidente bielorrusso atuou como mediador, recebendo os líderes da França, Alemanha, Ucrânia e Rússia em Minsk, em 2015, para negociações que culminaram em um acordo de cessar-fogo no leste da Ucrânia, nunca implementado por completo.
Durante a visita de imprensa a este centro de treinamento em Brest, no oeste de Belarus, o militar Vadim Lukashevich afirmou que o seu país está apegado à "paz" e à "estabilidade".
"Os bielorrussos são um povo pacífico", insistiu outro militar, que não quis ser identificado. "Não atacamos ninguém, mas se nos atacarem..."
* AFP