De repente, cinco ou seis rodeiam as pranchas de surfistas, mergulham de um lado para sair do outro. Da superfície, veem-se dois olhos pequenos e um enorme sorriso: todos os verões, cerca de 55.000 belugas migram das águas do Ártico para a baía de Hudson, no Canadá.
O estuário canadense permite a estas pequenas baleias brancas, que viajam em bando, dar à luz nestas águas relativamente mais quentes e seguras.
Sob a superfície um pouco turva, as belugas se divertem com a presença dos turistas, que vêm a Churchill para observá-las. Esta pequena cidade de 800 habitantes não é de fácil acesso, pois apenas trem ou avião chegam ali.
Durante mais de sete meses ao ano, entre novembro e junho, toda a baía fica totalmente congelada. O lugar é ideal para elas: as protege das orcas e os estuários são ricos em comida.
É fácil distinguir os exemplares mais jovens porque ainda são cinzentos ao lado dos adultos, brancos. Sob a superfície, parecem estar sempre sorrindo.
Mas o que mais surpreende é sua comunicação, que às vezes pode ser ouvida da superfície.
- Hidrofone -
Apelidadas de "canários do mar" devido às cerca de 50 vocalizações (assobio, estalos, zumbidos) que emitem, são animais "sociais", com um "sistema de comunicação muito complexo", conta Valeria Vergara, que as estuda há anos.
"A beluga é uma espécie centrada no som. É, para eles, como a visão para nós", detalha a pesquisadora da fundação Raincoast Conservation.
Atenta ao alto-falante do hidrofone, esta cientista de 53 anos tenta decifrar a variedade de sons que surgem das profundezas. Para um ouvido leigo, é um conjunto surpreendente e cacofônico.
"Usam o som para se comunicar, mas também para se localizar, para encontrar seu caminho, a comida", acrescenta a especialista, que aprendeu a reconhecer "os gritos de contato" que servem às mães para guiar seus filhotes.
Os recém-nascidos, que medem 1,80 metro e pesam 80 quilos, são dependentes da mãe por dois anos. Na idade adulta, este mamífero, que geralmente se desenvolve nas águas geladas ao redor da Groenlândia e ao norte de Canadá, Noruega e Rússia, pode chegar a medir seis metros e vive entre 40 e 60 anos.
A população de belugas na baía de Hudson é a mais importante no mundo. Mas a diminuição dos glaciares devido às mudanças climáticas, em uma região que aquece de três a quatro vezes mais rápido do que o resto do planeta, é motivo de preocupação para os pesquisadores.
* AFP