A Austrália pediu nesta sexta-feira (27) aos países do Pacífico Sul que rejeitem as tentativas de aproximação da China, que busca expandir sua influência de segurança nesta região altamente estratégica.
A ministra australiana das Relações Exteriores, Penny Wong, foi a Fiji na quinta-feira para sua primeira visita oficial, em uma tentativa de cortejar os Estados insulares depois que as Ilhas Salomão surpreenderam a Austrália no mês passado ao assinar um pacto de segurança de paz com a China.
"Expressamos publicamente nossa preocupação com esse acordo de segurança", disse Wong na capital Suva.
"Acreditamos que é importante que a segurança da região seja determinada pela região", acrescentou.
Ao mesmo tempo, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, visitava vários países do Pacífico Sul com o objetivo de expandir a cooperação em segurança e livre comércio.
Durante sua primeira parada nas Ilhas Salomão na quinta-feira, Wang denunciou "calúnias e ataques" contra o acordo de segurança com o Estado insular em uma entrevista coletiva em Honiara, da qual alguns jornalistas foram excluídos.
Wang voou para Kiribati nesta sexta-feira, o próximo destino de uma turnê que durará até 4 de junho com paradas em Samoa, Papua Nova Guiné e Fiji.
- "A família do Pacífico" -
A ministra das Relações Exteriores da Austrália, que assumiu o cargo na segunda-feira logo após o Partido Trabalhista vencer as eleições gerais de 21 de maio, disse em Fiji que seu país seria uma escolha melhor do que a China.
"Queremos mostrar à sua nação e a outras nações da região que somos um parceiro confiável", afirmou, destacando o histórico de ajuda ao desenvolvimento da Austrália.
"Queremos trabalhar com vocês em suas prioridades. Queremos trabalhar juntos como parte da família do Pacífico", ressaltou.
Wong disse que visitou Fiji para mostrar que a região do Pacífico estava na lista de prioridades de seu país.
E destacou que o novo governo de Anthony Albanese visa recuperar uma "década perdida" em termos de mudança climática, uma questão crucial para as ilhas do Pacífico, que estão especialmente ameaçadas.
A China, por sua vez, já moveu suas peças. Segundo um projeto de acordo e plano quinquenal, ao qual a AFP consultou, pretende oferecer a dez países insulares da região uma ajuda milionária, a perspectiva de um acordo de livre comércio, bem como a possibilidade de acesso ao mercado chinês e a seus 1,4 bilhão de habitantes.
Em troca, a China treinaria suas forças policiais e se envolveria na segurança cibernética local. Também poderia realizar operações delicadas de mapeamento marinho e obter melhor acesso aos recursos naturais locais.
Essa "visão de desenvolvimento conjunto", como é chamado o projeto, pode ser aprovada em 30 de maio em uma reunião em Fiji entre Wang e ministros das Relações Exteriores da região.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, respondeu dizendo que o Pacífico poderia gerenciar sua segurança sem a ajuda da China.
Por sua vez, o Departamento de Estado dos EUA alertou aos países que tenham cuidado com os "acordos obscuros, vagos e pouco transparentes" de Pequim.
O plano de cooperação, se aceito, pode ser um grande ponto de virada, facilitando uma série de operações policiais e militares.
Além disso, os voos entre a China e as ilhas do Pacífico seriam aumentados, Pequim nomearia um enviado regional, treinaria jovens diplomatas do Pacífico e concederia 2.500 "bolsas de estudo" governamentais.
* AFP