No primeiro aniversário dos eventos que culminaram na invasão do Congresso norte-americano por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou sobre os riscos à democracia e fez duras críticas ao antecessor.
Em discurso no edifício do Capitólio, sede do Legislativo, em Washington, Biden disse que os manifestantes que invadiram o local e as pessoas que os incitaram empunharam "um punhal na garganta" da nação. Para ele, os EUA precisam decidir que tipo de país desejam ser.
— Seremos uma nação que aceita a violência política como norma? Seremos uma nação onde permitiremos que os funcionários eleitorais partidários derrubem a vontade legalmente expressa do povo? — questionou. — Seremos uma nação que vive não à luz da verdade, mas à sombra das mentiras? — acrescentou, nesta quinta-feira (6).
O democrata buscou apresentar a situação como uma espécie de referendo sobre o sistema democrático. Na visão dele, governos como os da China e da Rússia apostam no fim da democracia norte-americana. Biden reiterou compromisso com a defesa das instituições.
— Aqui nos Estados Unidos, o povo comanda através das urnas — destacou.
Durante boa parte do pronunciamento, o presidente criticou Trump, o acusou de construir uma "rede de mentiras" sobre o sistema eleitoral e acrescentou que o republicano "valoriza o poder sobre princípios". Biden também responsabilizou o antecessor pelo ataque ao Congresso, que ele considera uma "insurreição", por não conseguir aceitar que perdeu a eleição.
— Pela primeira vez na história, um presidente não só perdeu uma eleição, mas também tentou impedir a pacífica transferência de poder — comentou.
Para ele, o ex-presidente está distante dos valores americanos.
— Estamos numa batalha pela alma dessa nação — disse.
Invasão há um ano
Há um ano, um grupo de apoiadores de Trump invadiu o prédio que sedia o Congresso americano com objetivo de interromper a sessão que certificaria a vitória de Biden nas eleições de novembro de 2020. Momentos antes, o líder republicano havia realizado um discurso público em que, sem provas, repetiu acusações de fraude no pleito.
Os eventos levaram a Câmara dos Representantes a aprovar o impeachment de Trump, que se tornou o primeiro presidente da história dos EUA a ser alvo do processo duas vezes. O Senado, no entanto, absolveu o político.
Ao longo dos últimos meses, democratas lideraram uma série de audiências na Câmara para investigar o episódio. Os republicanos dizem que os esforços representam uma tentativa do partido governista de politizar um evento trágico. Um policial morreu durante o ataque e pelo menos 140 ficaram feridos.