O presidente do Equador, Guillermo Lasso, anunciou na segunda-feira (1º), a ampliação em 60 mil quilômetros quadrados da reserva marinha das ilhas Galápagos, consideradas um tesouro nacional, e que abrange Colômbia, Costa Rica e Panamá. O anúncio aconteceu em Glasgow, durante a cúpula de líderes mundiais na cúpula climática da ONU, COP26.
– Anuncio a declaração de uma nova reserva marinha em Galápagos – disse Lasso, destacando a expansão reserva, estabelecida em 1998, que hoje tem cerca de 130 mil quilômetros quadrados.
Com a ampliação, a reserva crescerá ao norte até os limites com a Costa Rica sobre a cordilheira subaquática de Los Cocos - que começa no arquipélago e se estende até o México.
Segundo Lasso, a nova área "contempla 30 mil quilômetros de zona de produção pesqueira e 30 mil quilômetros de zona de não exclusão de pesca de espinhel até o noroeste" do arquipélago. O presidente equatoriano ainda afirmou que irão trabalhar com "países irmãos," referindo-se a Colômbia, Panamá e Costa Rica, criando um corredor que ligará as águas desses territórios e formará um corredor biológico seguro.
Dívida por conservação
Guillermo Lasso propôs a troca da dívida externa do país pela preservação do arquipélago. O Equador, com 17,7 milhões de habitantes, enfrenta uma crise econômica agravada pela covid-19 com uma dívida externa de quase 46 bilhões de dólares (45% do PIB). "Estimamos que será a maior quantidade de troca de dívida que já foi realizada no mundo", acrescentou Lasso.
Do total do passivo equatoriano, 15,6% correspondem a outros países, como Inglaterra, Espanha, Estados Unidos, entre outros, segundo o Banco Central.
Lasso qualificou Galápagos, declarado Patrimônio Natural da Humanidade, de um "tesouro nacional que deve ser protegido por sua inestimável riqueza natural para o planeta".
Galápagos, que leva o nome das gigantescas tartarugas endêmicas que habitam aquele arquipélago, fica a mil quilômetros da costa do Equador, no Pacífico Sul, e inspirou a teoria da evolução das espécies do inglês Charles Darwin.
Laboratório vivo
A área protegida de Galápagos, onde a pesca industrial é proibida, é a segunda maior do mundo com 133 mil km². Mais de 2,9 mil espécies marinhas existentes foram registradas lá.
Conta, ainda, com o Parque Nacional de Galápagos (PNG), que tem uma área de 8 mil quilômetros quadrados e é considerado pelos especialistas como o arquipélago de origem vulcânica em melhor estado de conservação do mundo.
O presidente equatoriano insistiu em que "a nova reserva marinha também servirá como um laboratório vivo para a pesquisa científica que tanto contribui para o progresso do mundo". Lasso ainda pediu aos líderes mundiais "que parem de falar sobre mudanças climáticas e abram caminho para a ação de forma decisiva".
O Equador, que segundo Lasso é o país mais megadiverso do mundo com 9,2 espécies por quilômetro quadrado, criou em março de 2016 um santuário de 38 mil quilômetros dentro da reserva marinha de Galápagos para proteger o tubarão-martelo.