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O promotor-chefe do Haiti pediu nesta terça-feira (14) ao juiz que investiga o assassinato do presidente Jovenel Moïse que apresente acusações contra o primeiro-ministro Ariel Henry devido a supostos telefonemas que ele teve com um dos principais suspeitos do crime.
Bed-Ford Claude, comissário do governo de Porto Príncipe, figura equivalente à de promotor, também solicitou que Henry fosse proibido de deixar o território haitiano "devido à gravidade dos fatos expostos".
Moïse foi assassinado em 7 de julho por um comando armado em sua casa em Porto Príncipe.
"Existem elementos comprometedores suficientes que formam a (minha) convicção sobre a oportunidade de imputar o Sr. Henry e solicitar sua acusação pura e simples", disse o promotor em uma carta endereçada ao tribunal de primeira instância em Porto Príncipe.
Em uma segunda nota, dirigida ao diretor de migração, o comissário do governo justifica a medida de proibir Henry de deixar o país, apontando as "graves presunções de assassinato do presidente da República".
Na sexta-feira (10) à noite, Bed-Ford Claude já havia convidado o chefe do governo a comparecer perante a promotoria. O promotor afirmou que Henry, poucas horas depois do assassinato de Moïse, conversou por telefone com uma das pessoas ativamente procuradas no contexto da investigação.
Trata-se de Joseph Félix Badio, ex-figura da unidade anticorrupção do Ministério da Justiça, que teria sido geolocalizado no bairro onde ficava a residência particular de Moïse pelas ligações feitas a Ariel Henry às 4h3min e depois às 4h20min da manhã do ataque.
No sábado (11), Henry denunciou as "manobras de distração" do promotor.
— Manobras de distração para criar confusão e impedir que a Justiça faça seu trabalho com calma não serão aprovadas — disse Henry.
— Os verdadeiros culpados, os autores intelectuais e os patrocinadores do assassinato hediondo do presidente Jovenel Moïse serão encontrados, levados à Justiça e punidos por seu crime — acrescentou.
Quarenta e oito pessoas, incluindo 18 colombianos e dois americanos de origem haitiana, foram presas no contexto da investigação do assassinato de Moïse, morto a tiros em sua residência sem que nenhum dos membros de sua guarda particular fosse ferido.